Os Jogos Escolares da Juventude Brasília 2017 serão encerrados neste sábado (25). Em duas semanas, reuniram mais de 4 mil atletas de todo país, entre 15 a 17 anos, em 14 modalidades, divididas entre esportes coletivos como handebol, vôlei, basquete e futsal. O certame conta, ainda, com disputas no atletismo, badminton, ciclismo, ginástica rítmica, judô, luta olímpica, natação, tênis de mesa e xadrez.
De acordo com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), um dos organizadores da competição, os Jogos Escolares da Juventude são considerados uma oportunidade para que novos talentos do esporte sejam revelados, assim como aconteceu com Mayra Aguiar e Sarah Menezes, do judô, e Hugo Calderano, do tênis de mesa, que competiram nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.
A estudante Geisiane Fiorotti, de 16 anos, viajou pela primeira vez de avião para participar da competição. Jogadora de futsal, ela veio de Porto Velho a Brasília, onde conquistou a medalha de ouro em sua modalidade. “É uma experiência muito boa, estou me sentindo realizada. Saí de casa para conquistar um sonho e consegui. Além da felicidade de garantir a medalha, é uma oportunidade para conhecer pessoas de todos os estados do país, conviver e interagir com tanta gente. Vejo que cada um deixa o seu melhor aqui”, disse.
Geisiane, que defendeu a Escola Risoleta Neves, de Porto Velho, marcou 17 gols, dois deles na partida final do campeonato contra a equipe do Colégio Integral, de Salvador. A atleta quer se profissionalizar no futsal e deixou a família na cidade de Vale do Paraíso, em Rondônia, em busca de melhores oportunidades na capital do estado.
Atualmente, vive em um alojamento com outras jovens que também compartilham do sonho de serem atletas profissionais. “O esporte é uma chance que tenho em mudar de vida e meus pais me dão apoio”, afirmou.
Embaixadores revelam sentimentos distintos
A oportunidade para mudar a história de vida virou realidade para a jogadora de basquete Kelly Santos, uma das embaixadoras da competição. Ao todo, 14 atletas brasileiros são responsáveis por inspirar e apoiar jogadores de cada uma das modalidades dos Jogos Escolares. Em sua carreira, este time já participou de quatro olimpíadas, jogou em diversos clubes fora do país e faz questão de contar sua história humilde para motivar os jovens atletas.
“Fui vendedora de rosas nos bares de Moema [em São Paulo], eu e meus irmãos vendíamos bala nos sinais. Mas o esporte mudou a história de vida de toda a minha família. Paguei faculdade para os meus irmãos e hoje são dois advogados e uma diretora de escola. Até minha mãe, aos 66 anos, faz faculdade de Direito”, afirmou.
Para a atleta, o esporte tem seu poder subestimado no país ao ser relacionado apenas à vitória e medalhas. “As pessoas acham que esporte no Brasil é ser premiado. Sei a sua importância, principalmente associada à educação, e como ainda precisa que ser valorizado para representar o que de fato é”, ressaltou.
Atuando como embaixador dos jogos, função na qual incentiva a prática de esportes e troca experiências, um dos maiores artilheiros da história do futsal mundial, o pivô Lenísio, revelou que a competição tem a capacidade de unir esporte e educação para os jovens.
“O mais importante não são os troféus e as medalhas, mas a oportunidade. É um privilégio estar aqui porque esporte e educação têm que caminhar juntos. Além disso, muitos atletas que defendem a camisa da seleção já participaram dos Jogos Escolares da Juventude”, avaliou.
Pai e filho dedicados ao futsal
Além de atuar como embaixador, Leonísio acompanhou o filho Vinícius, jogador de futsal. O menino de 16 anos participa pela primeira vez dos Jogos Escolares. “Era um sonho ver o meu filho disputar a competição, mas o deixo à vontade para não interferir nas escolhas. O fato é que toda a família tem o esporte no coração”, contou.
A jogadora de vôlei Hélia Fofão, um dos grandes nomes do esporte no país, atua pela quinta vez como embaixadora da modalidade nos Jogos Escolares e garante que, a cada edição, a emoção em interagir com os jovens atletas permanece.
“É uma relação muito boa de proximidade, de ver nos olhos desses jovens um pouco de esperança quando eles reconhecem a minha trajetória. Eles percebem que vencer também é possível”, confessou.
Aposentada das quadras há dois anos, Fofão conta que está em fase final de produção de um livro que conta a história de sua vida. A obra deve ser lançada em 2018 acompanhada de um documentário. “Aqui faço questão de mostrar a importância dos estudos. Entendo que a realidade de muitos aqui é difícil, mas sempre incentivo para que não parem de estudar”, disse.
Anualmente, o COB realiza duas edições dos Jogos Escolares da Juventude. Em setembro, Curitiba recebeu a etapa voltada para estudantes de 12 a 14 anos e teve um número recorde de participantes: mais de 4 mil competidores, o mesmo número de Brasília, 525 técnicos e 169 dirigentes de quase 1,4 mil escolas públicas e privadas de todo o país.
Agência Brasil
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