segunda-feira, novembro 13, 2017

Investigação da morte de Neguinho Boiadeiro 'não é simples', diz promotor

Vereador Neguinho Boiadeiro foi assassinado ao sair da Câmara e família fala em disputa política. MP designou Luiz José Gomes Vasconcelos para acompanhar o caso.
Mércia Boiadeiro e Pretinho Boiadeiro, viúva e filho do vereador assassinado em Batalha, Neguinho Boiadeiro (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

Polícias Militar e Civil realizam uma ocupa;'ao em Batalha por tempo indeterminado (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

O promotor de Justiça Luiz José Gomes Vasconcelos foi designado para acompanhar a investigação do assassinato do vereador Adelmo Rodrigues de Melo, o "Neguinho Boiadeiro" (PSD), no município de Batalha, no Sertão de Alagoas.

A medida foi publicada pelo Ministério Público do Estado (MP-AL) na edição desta segunda-feira (13) do Diário Oficial do Estado (DOE).

"Conversei com os delegados do caso, alguns procedimentos já estão sendo adotados, mas não posso falar muito coisa agora porque a investigação ainda está muito no início. A coisa não é simples, é preciso reunir elementos de convicção ainda", disse o promotor Luiz José Vasconcelos, em entrevista ao G1.

Neguinho Boiadeiro foi morto a tiros quando saía de uma sessão na Câmara de Vereadores de Batalha, na quinta (9). O carro em que ele estava foi baleado diversas vezes. O policial civil Joaquim Pirauá estava com o vereador no momento e também foi atingido, mas sobreviveu.


Horas mais tarde, segundo informações do delegado Rômulo Monteiro, o filho do vereador saiu em busca de um possível suspeito. Pretinho Boiadeiro, como é conhecido, baleou José Emílio Dantas, filho do ex-prefeito de Batalha José Miguel Rodrigues Dantas e sobrinho do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Luiz Dantas (PMDB). Ele sobreviveu.

Sobre a hipótese levantada pelas famílias dos envolvidos, de que se trata de um crime de mando, o promotor explicou que não é o momento de se prender a apenas uma linha de investigação. "Você não pode, no incício da investigação, abrir uma linha específica. Primeiro vamos bucar como aconteceu, quem cometeu o crime, para a partir daí buscar a motivação".

Rixa entre famílias é antiga

Há décadas as famílias Dantas e Boiadeiro disputam o poder político de Batalha, um pequeno município do interior, com pouco mais de 17 mil habitantes, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), distante 211 km da capital, Maceió.

Em 1999, uma emboscada resultou na morte do ex-prefeito José Miguel e da esposa dele, Matilda Toscano.

Anos depois, em 2006, Samuel Theomar Bezerra Cavalcante Júnior, cunhado de Paulo Dantas, então prefeito da cidade, foi assassinado. Na ocasião, também morreu o segurança dele, o sargento reformado da Polícia Militar Edvaldo Joaquim de Matos.

Em 2012, Laércio Boiadeiro foi condenado a 35 anos de prisão pela morte de José Miguel e da esposa dele. No ano seguinte, José Anselmo Cavalcante de Melo e José Márcio Cavalcante, os irmãos Boiadeiro, foram acusados dos assassinatos de Samuel Júnior e Matos. Eles ainda não foram julgados.

No sábado, o tio de José Emílio e presidente da ALE, deputado Luiz Dantas (PMDB), divulgou uma nota dizendo confiar que a Justiça vai apontar e punir os culpados pelos crimes na cidade.

Linhas de investigação

Desde o homicídio na quinta, equipes da Polícia Civil e da Polícia Militar realizam uma ocupação na cidade de Batalha para garantir a segurança na região. Até esta manhã, ninguém havia sido preso pelo assassinato do vereador ou pelo atentado contra José Emílio.

Em entrevista à TV Gazeta, o secretário em exercício da Segurança Pública, Manoel Acácio Júnior, disse não reconhecer que os atentados na cidade foram motivados por desavenças políticas, mas que podem ter sido planejados por um outro grupo com interesse em se beneficiar politicamente do clima de guerra entre as duas famílias.

Uma comissão de delegados foi formada para investigar o crime. O inquérito fica a cargo formada pelos delegados Cícero Lima, gerente de Polícia Judiciária da Região 4, Rômulo Monteiro, titular da 3ª Delegacia Regional de Batalha, que já estavam atuando no caso desde o primeiro momento, e o delegado Rosivaldo Vilar, titular do 51º Distrito Policial de Major Isidoro .

Por G1 AL

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