sábado, novembro 25, 2017

Especialista alerta sobre os perigos da "automedicação" de edificações

Intervenções realizadas sem as prescrições de profissionais habilitados podem ter consequências graves, tanto para os edifícios quanto para seus usuários.

No âmbito da saúde, uma prática muito observada no Brasil é a automedicação. Para resolver um problema, a pessoa se dirige à farmácia e, sem prescrição médica, adquire os medicamentos que, em seu entendimento, irão aliviar os incômodos que a afligem. As graves consequências dessa prática são cada vez mais discutidas. Dentre os efeitos negativos estão a ocultação de sintomas e a combinação inadequada de drogas. Curiosamente, as edificações brasileiras sofrem do mesmo problema: são "automedicadas" por seus usuários. É o que afirma o engenheiro civil Flávio Figueiredo, diretor da Figueiredo & Associados Consultoria e conselheiro do IBAPE/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo)

"Basta que se troque a palavra farmácia por loja de materiais de construção e se substitua receita médica por projeto e especificação e se estará face a face com inúmeras tentativas empíricas de se solucionar manifestações indesejáveis nos mais diversos tipos de construções", relata o especialista.

Segundo Figueiredo, são observadas "automedicações" em imóveis de todos os tamanhos, tipos e padrões, desde o mais simples ao de alto padrão. O engenheiro informa os exemplos mais comuns de automedicação:

- Trocar disjuntores por outros com maior amperagem, quando os originais desarmam com frequência em razão de excesso de carga;

- Esconder trinca ou bolor com papel de parede;
- Aplicar argamassa em peças de concreto armado, sem critério técnico definido, para encobrir armaduras oxidadas;
- Ocultar marquises ou outras estruturas em concreto armado deteriorado atrás de belas fachadas decorativas, em vidro ou alumínio, por exemplo;
- Emendar tubulações com fitas adesivas ou massa plástica.

Essas ações podem "maquiar" o problema, mas não eliminam suas origens. "Muitas vezes, as patologias são até agravadas ou continuam a se desenvolver de forma oculta e, de um momento para o outro, se manifestam com intensidades tão relevantes a ponto de levar a construção à ruína", afirma Figueiredo. É importante ressaltar que as manifestações patológicas não ocultadas funcionam como indicadores das reais condições de segurança, além de fornecerem pistas para o diagnóstico de sua origem.

"Para resolver pequenos problemas, as pessoas acreditam que não precisam de orientação de especialistas. São razões culturais, da mesma forma que acontece com a automedicação. A pessoa está com uma dor na perna e logo vai à farmácia para comprar anti-inflamatórios, sem saber os riscos que corre tomando aquele remédio sem a indicação de um médico", esclarece Figueiredo.

Ainda usando a analogia com a medicina, edificações também são vítimas do uso de vitaminas e anabolizantes não prescritos. "De um simples benjamim, para ampliar a quantidade de tomadas em um ambiente, à colocação de caixas d'água adicionais, ou até a construção de pavimentos extras sem quaisquer projetos e análises, nossas construções são submetidas a muitas intervenções que podem equivaler a doses letais de suplementos hormonais", explica o engenheiro.

Neste cenário, é preciso estar sempre atento às intervenções realizadas nas edificações. A falta de prescrições feitas por profissionais habilitados, ou intervenções feitas sem respeitar a boa técnica, pode ter consequências graves, tanto para os edifícios quanto para seus usuários.

Sobre a Figueiredo & Associados

Empresa com 30 anos de experiência em Avaliações, Perícias e Consultorias Técnicas, reconhecida no mercado pelo rigor técnico, isenção, sigilo e pontualidade. Formada pelas divisões F&A Valor – avaliações patrimoniais e econômicas; F&A Perícias – perícias e consultorias técnicas; F&A Vistor – Vistoria e Inspeções; F&A Ambiental – consultorias e perícias ambientais; e F&A Análise – consultorias e perícias contáveis e econômicas. Atende pessoas físicas, jurídicas e famílias tanto nos âmbitos administrativo e judicial como em mediações e arbitragens, desenvolvendo trabalhos referentes a empresas, obras, contratos, concessões, imóveis urbanos e rurais, empreendimentos, shopping centers, indústrias, máquinas e equipamentos.

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