A mãe do adolescente João Pedro Calembo, de 13 anos, morto pelo atirador no Colégio Goyazes, em Goiânia, nesta sexta-feira, fez uma homenagem ao filho nas redes sociais. Em um texto emocionado, Barbara Melo pediu que a família e o menino não fossem julgados pelas notícias que foram veiculadas sobre a tragédia.
"A vida e suas reticências. Não vou reclamar meu Papai do Céu. Apenas aceitarei seus propósitos. Não entendo, nunca vou entender. Não quero buscar explicações. O Senhor apenas me emprestou o João Pedro pelos melhores 13 anos da minha vida. Não julgue o nosso filho, a nossa família pelas notícias que você tem lido. Nós e a escola sabemos que não foi assim. Somos pais presentes, disponíveis, empenhados na educação dos nossos 3 filhos. Respeitem nosso luto, somos humanos, falhos, gente que tenta acertar todos dias. Meu príncipe foi morar num lugar onde não há choro, tristeza ou dor. Nosso filho querido, amado, responsável por natureza...amamos vc eternamente! Estou despedaçada, mas o Senhor, no tempo dEle, me restaurará", escreveu.
Além de João Pedro, outro adolescente, João Vitor Gomes, também foi morto no ataque. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Luiz Gonzaga, em depoimento o adolescente responsável pelos disparos afirmou que teria cometido o crime porque vinha sendo vítima de bullying de João Pedro e outros colegas.
Mais cedo, durante o sepultamento de João Pedro, o pai do menino, Leonardo Calembo, de 41 anos, disse não enxergar culpados na tragédia e afirmou ter perdoado o atirador.
— Não existe culpado, não existe culpado neste momento. De forma alguma eu sinto raiva. Inclusive já perdoei o rapaz - disse Leonardo.
Segundo o pai de João Pedro, falta às crianças aprender o "valor da vida":
— Está faltando à nossa sociedade ensinar à criança hoje o valor do próximo, o valor da vida. Hoje, temos órfãos de pais vivos. Os pais não dão mais atenção aos filhos dentro de casa. A cidade vai se transformando num lugar de filhos fracos emocionalmente.
ENTENDA O CASO
O ataque no Colégio Goyases ocorreu na manhã de sexta-feira. O atirador disparou pelo menos 11 vezes contra os colegas de sala de aula. Matou dois adolescentes de 13 anos: João Pedro Calembo, com quem tinha uma desavença de adolescente e de quem diz ter escutado ofensas, numa prática de bullying, e João Vitor Gomes, amigo do atirador e vítima dos disparos a esmo. Depois de atirar na primeira vítima, o adolescente disse que ia matar todo mundo. Outros quatro jovens ficaram feridos. Uma adolescente foi atingida por três tiros e está em estado gravíssimo.
Após os disparos, os alunos correram para o corredor. O adolescente recarregou a arma, um revólver .40, e seguiu ao corredor, quando foi convencido pela coordenadora a desistir de mais disparos. Com conversa, ela conseguiu dissuadir o garoto de descarregar um segundo cartucho do revólver .40, inclusive contra a própria cabeça.
A arma é de uso da mãe, sargento da Polícia Militar (PM) de Goiás. O pai é major da PM. O revólver tem o símbolo da polícia. O atirador entrou na escola com a arma na mochila. Segundo relatos de testemunhas, depois de um disparo dentro da própria mochila e de um tiro para o alto, o estudante mirou em Calembo.
O Globo
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