Alguns pacientes já saíram da unidade e no dia 1º de outubro, pelo menos 120 internos terão que voltar às suas casas
Todos os funcionários entraram em aviso prévio. O último a sair será no dia10 de outubro
A reportagem do FAROL visitou o Hospital São Vicente na tarde dessa quinta-feira (4) e sentiu o clima de desânimo e tristeza nos servidores. A gestora da unidade, Drª Socorro Lucena, conversou com a reportagem e detalhou todo o drama do hospital que culminou com o seu fechamento.
Há oito anos que o governo federal ‘congelou’ os repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) e um repasse de cerca de R$ 60 mil/mês, aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS), não é feito há um ano pela prefeitura.
Em alguns momentos, até lágrimas caíram dos olhos da Drª Socorro, que após dez anos na direção, sabe que o Hospital Psiquiátrico, que atende pacientes de 59 municípios, fará muita falta aos pacientes e familiares.
“Todos os funcionários entraram em aviso prévio. O último a sair será no dia10 de outubro. O que vamos fazer com estes pacientes? Isso nos deixa muito tristes. Já procurei o promotor de Justiça, Dr. Vandeci e perguntei o que fazer. Não estamos mais recebendo pacientes. Os de longa duração já foram encaminhados às suas residências e estamos fazendo o possível quanto aos demais. As famílias estão cientes do que está acontecendo”, disse a gestora, garantindo que todos os órgãos foram alertados para a crise do São Vicente.
“Há um ano que venho alertando sobre esta crise. Avisei aos juízes, promotores e todos os políticos de Serra Talhada e região. Recentemente o deputado Augusto César nos procurou e disse que faria o possível para nos ajudar. Por outro lado, o Dr. Clóvis Carvalho vai conversar com o governador do Estado e com o secretário de Saúde, para buscar uma solução. Todo mundo diz que não é para existir manicômio, mas aqui não é um manicômio, mas um hospital psiquiátrico de qualidade. O melhor do interior de Pernambuco”, enfatizou Socorro Lucena.
FUTURO DOS INTERNOS
Após mostrar ao Farol todas as dependências da unidade, limpas, conservadas e tudo muito organizado, Socorro Lucena diz estar apreensiva com relação ao futuro dos internos. Alheios, eles que fazem cinco refeições por dia, além dos cuidados de higiene e nutrição, nem imaginam que no dia 1º de outubro uma outra realidade, muito mais adversa, será descortinada.
“Dos 59 municípios que o hospital atende, 30 têm Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e 29 não têm. Os pacientes vão para onde? para cadeia? para hospitais gerais?. Tem cidades que nem hospitais gerais existem. Estamos num mês de prevenção de suicídios. E se eles (pacientes) matarem ou se matarem? como vai ficar? quem será responsabilizado por isso?”, questiona a médica, que garantiu não ter mais condições de cumprir com os compromissos e despesas do Hospital Psiquiátrico São Vicente.
“O governo paga R$ 49,70 por paciente que faz cinco refeições por dia. Tem os remédios, a folha de pessoal, tributos e muito mais. Não suportamos mais”, lamentou.
Farol de Notícias
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