A demarcação das áreas indígenas, correspondentes ao conjunto de aldeias da etnia Pankararu, se deu a princípio, no ano de 1940, quando o Serviço de Proteção Indígena (SPI) demarcou uma área de 8100 hectares de terra. Porém, as lideranças indígenas sempre reivindicaram uma área maior que englobasse um conjunto de comunidades de agricultores rurais residentes na área sul das terras demarcadas, ficando estas comunidades situadas no município de Jatobá – PE. A habitação por parte de agricultores familiares da área rural, reivindicada pelas lideranças indígenas, remota ao final do século XVIII, com a vinda de imigrantes para colonizar e trabalhar no interior da capitania de Pernambuco e São Vicente que hoje corresponde ao estado de Pernambuco. A habitação das terras dessas comunidades segundo relatos orais de anciãos das comunidades, se deu de maneira pacifica e ordeira pois essas terras eram inabitadas.
Por mais de 200 anos os habitantes indígenas do aldeamento de Brejo dos Padres e os agricultores familiares das Comunidades rurais viveram em perfeita harmonia e respeito até os dias atuais, porém, com a demarcação pelo SPI em 1940 e a homologação em 1987, por parte da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), instalou-se um clima de medo e apreensão sobre uma possível expulsão dos habitantes de suas terras nativas. O medo perdurou por anos e no mês de fevereiro do corrente ano, a sentença deu prazo de um ano para saída dos habitantes “não índios” de seu território.
A questão na pequena cidade de Jatobá, se difere das demais reivindicações de terra por parte dos indígenas no restante do país, pois, no caso especifico não se trata de “grileiros” ou “posseiros” que invadiram e tomaram posse de terras indígenas, mas, de famílias que chegam a ser a 5ª geração de habitantes das comunidades, pessoas que nasceram e viveram uma vida nas comunidades e construíram laços culturais fortes com as terras que habitam. A convivência entre índios e agricultores rurais é tão harmoniosa que muitos índios e “não-índios” constituíram famílias.
Com o conhecimento por parte de alguns líderes religiosos nas comunidades citadas, do teor e gravidade da sentença de desocupação destas terras, um grupo iniciou na internet uma campanha para expor a situação com a tag #NãoSouPosseiro #SouHerdeiro, com o intuito de divulgar a situação em que se construíram essas comunidades e a realidade dos fatos. A campanha ganhou tanta notoriedade que muitos habitantes indígenas expressaram solidariedade com a iminência dessa injustiça. A situação chegou ao extremo, esta semana ao se ter um post no facebook na página Mídia Ninja, insinuando que indígenas estavam sendo ameaçados por parte de “não-indígenas”, o que não é verdade, ambos vivem em perfeita harmonia.
Sabe-se que os indígenas sofreram injustiças no passado, mas não se pode condenar pessoas inocentes, que nada tem a ver por erros cometidos em um passado longínquo. A questão dessas terras merece uma atenção diferenciada por parte das autoridades, pois, envolve pessoas que conquistaram direito sobre a posse e delas sobrevivem. Uma retirada dessas mais de 1200 pessoas causará uma enorme injustiça, deixando centenas de pessoas sem ter para onde ir e sem ter onde tirar o sustento de suas famílias, tendo em vista quesobrevivem daquilo que plantam. Sabemos que as questões indígenas merecem atenção porem fazemos parte de uma única sociedade e devemos nos unir em detrimento do bem comum, sem privilegio de uns em contrapartida de opressão a outros. Sejamos da Paz, Deus é bom, Deus é por nós, sempre!
Via Facebook de Natan J. Santos, ex-morador da região (Bem Querer de Baixo, Bem Querer de Cima, Caxiado e Caldeirão), que atualmente estuda Administração na Universidade do Vale do Itajaí Univali, em Santa Catarina-SC, fez um desabafo sobre a atual situação via Live no facebook.
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