A despedida de Janot ocorreu minutos após a procuradoria apresentar denúncia contra o presidente Michel Temer e integrantes do PMDB. "Entrego o cargo no próximo dia 17 com a convicção serena que militei até o último instante na defesa dos compromissos constitucionais assumidos há mais de 30 anos", disse o procurador. Após deixar o cargo, Janot continuará na PGR como subprocurador da República.
Durante o discurso de despedida, o procurador-geral também disse que foi alvo de ataques.
"Tenho sofrido nessa jornada, que não poucas vezes pareceu inglória, toda sorte de ataques. Resigno a meu destino porque mesmo antes de começar sabia exatamente que haveria um custo por enfrentar esse modelo político corrupto e produtor de corrupção cimentado por anos de impunidade e de descaso. Mas tudo isso para mim, senhores ministros, já se encontra nos escombros do passado. Os mortos, então, deixai-os aos seus próprios cuidados. As páginas da história hão certamente de contar com isenção e verdade o lado que cada um escolheu para travar sua batalha pessoal nesse processo", disse o procurador.
Ao final da sessão, a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, elogiou o trabalho de Janot na procuradoria e disse que o Ministério Público honra o Brasil.
“Nós agradecemos o trabalho que foi realizado, desejando muitas felicidades nessa nova etapa da vida de Vossa Excelência. Como bem disse, honrou, como todos que têm ocupado a cadeira de procurador-geral da República, tem honrado os trabalhos dessa tão importante instituição para a democracia brasileira e como viemos dizendo todos nós, é da democracia e principalmente é da República a transitoriedade dos mandatos”, disse a ministra.
Janot será substituído por Raquel Dodge, indicada para o cargo de procuradora-geral pelo presidente Michel Temer a partir de eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República, que deu origem à lista tríplice enviada ao presidente para subsidiar sua escolha. Em julho, ela foi aprovada pelo plenário do Senado por 74 votos a 1 e uma abstenção.
Mestre em direito pela Universidade de Harvard e integrante do Ministério Público Federal há 30 anos, Raquel Dodge é subprocuradora-geral da República e atuou em matéria criminal no Superior Tribunal de Justiça.
Agência Brasil
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