Jarbas diz ter sido alertado por amigos sobre a “desagregação” que Bezerra Coelho provoca por onde passa, mas ainda assim procurou sempre se referir a ele e aos filhos com educação e cortesia, que o agora correligionário respondeu com desrespeito e prepotência.
O ex-governador ocupou a tribuna da Câmara estimulado pelo presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), cujo partido também alega ter sido “traído” por Bezerra Coelho, que vinha negociando a filiação de seu grupo político ao DEM e, de última hora, optou pelo PMDB. A fala de Jarbas também faz parte de uma estratégia “casada” de combate ao avanço de Bezerra Coelho sobre o comando da sigla no Estado, que incluiu duas notas públicas já divulgadas pela direção local do PMDB – uma delas nesta terça-feira (12) – e ainda uma reunião, prevista para esta quarta-feira (13) de representantes da cúpula estadual com a direção nacional do partido, para registrar o incômodo e a indignação com o processo de filiação do senador.
Conhecido por não usar meias palavras, Jarbas Vasconcelos relembrou sua trajetória política, desde a fundação do MDB, o combate à ditadura militar e a luta pela redemocratização. “O meu PMDB tem o DNA de homens como Ulysses Guimarães e Pedro Simon”, citou. O parlamentar falou ainda dos mandatos que exerceu, inclusive no Senado e no Governo do Estado, e dos seus 50 anos de vida pública. Em paralelo, desfiou um currículo de Bezerra Coelho com passagens por diversos partidos – de ideologias nem sempre semelhantes – que classificou como “adesismos de ocasião”.
Jarbas acusou ainda que os que hoje tentam “expulsá-lo” do PMDB de terem apoiado os governos do PT, que agora criticam. “Foram cúmplices nos malfeitos”, juntou. E lembrou que ao longo dos governos Lula e Dilma (do PT), manteve-se sempre na oposição, mesmo sofrendo retaliações, ao contrário dos Coelho, que aderiram, segundo ele, às duas gestões. “Mesmo na era petista, e apesar de eu ser minoria da minoria no meu partido, nunca tentaram tomar o PMDB de Pernambuco daqueles que estão há 50, 40 e 30 anos dentro do partido”, protestou Jarbas, citando, entre outros correligionários, o vice-governador Raul Henry, atual presidente estadual da sigla. “Não há improvisação no PMDB de Pernambuco. Há seriedade e transparência”, acrescentou.
O deputado afirmou que em várias situações, por conta dos seus posicionamentos, chegou a ser atacado dentro do próprio partido que ajudou a criar. Mas observou que mesmo nas divergências, nunca houve uma ação voltada para expulsá-lo ou puni-lo. “Sempre houve respeito às diferenças. Respeito! Condição primária para a convivência em qualquer ambiente, e que faltou e está faltando a Fernando Bezerra Coelho”, disparou. “Quis o destino que a ameaça contra a minha pessoa, contra a minha história, contra a minha postura, voltasse à tona. E ela voltou, às vésperas de um ano eleitoral”, reforçou.
Ainda no ataque ao senador – agora forçosamente correligionário – Jarbas Vasconcelos disse ter sido alertado por amigos sobre a “desagregação” que Bezerra Coelho provoca por onde passa, mas ainda assim procurou sempre se referir a ele e aos filhos com educação e cortesia. “Em poucos dias, porém, percebi que Bezerra Coelho está trabalhando para intervir no PMDB de Pernambuco. Ao meu gesto cordial de elogiar a ele e ao seu filho ministro (Fernando Filho), o senador respondeu com desrespeito e prepotência. O ato dele tem nome: traição”, condenou.
Interesses familiares
Segundo Jarbas, o interesse prioritário dos Coelho, ao tentarem assumir o comando do PMDB em Pernambuco, sob a justificativa de estarem agindo sob orientação da direção nacional do partido, seria apenas o de garantir um palanque para a família no pleito de 2018. “O que na verdade Fernando Bezerra Coelho quer é alijar a mim e a executiva estadual do PMDB das decisões estratégicas do partido em Pernambuco. Esta é a ameaça que enfrento hoje”, denunciou.
O ex-governador, porém, deixou claro que não cederá facilmente na queda de braço com o senador, prometendo recorrer a todas as instâncias políticas e legais “para impedir que o partido se transforme numa extensão familiar dos interesses de Fernando Bezerra Coelho e companhia”. E concluiu: “Jamais me curvarei diante da mesquinharia de homens que, usufruindo de um poder efêmero e frágil, buscam atingir aqueles que, como eu, sempre militaram em nome da democracia, da justiça e da coerência”.
A assessoria de Fernando Bezerra Coelho informou, no início da noite, que o senador não responderia de imediato a Jarbas Vasconcelos. A resposta só será dada, segundo a assessoria, nesta quarta-feira (13), também em discurso na tribuna do Senado.
Diário de Pernambuco
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