Reúso de água captada em esgoto e tratada gera economia de 15 mil reais por mês nas despesas com água e energia no estádio Valdemar Viana de Araujo, o Vianão (Fotos: PMAI/CBHSF-Tanto Expresso)
Em tempos de crise hídrica, a preservação, revitalização dos rios e o reúso da água são temas recorrentes e que ganham cada vez mais prioridade. Na cidade pernambucana de Afogados da Ingazeira, sertão semiárido do Pajeú, a 380 km de Recife, uma iniciativa de reúso tem contribuído para a mudança do cenário que já foi de quase escassez no abastecimento.
Para se ter uma ideia, somente o estádio Valdemar Viana de Araújo, o Vianão, com capacidade para 5 mil torcedores, precisa por dia de pelo menos 50 m³ de água para a manutenção do gramado. Pensando em formas alternativas e economicamente viáveis, o município realizou uma obra de captação do esgoto de um dos bairros da cidade para esse fim. “O município verificou uma área que apresenta topografia de acúmulo de água e que neste limite de drenagem do terreno, um esgoto a céu aberto oriundo do bairro São Braz poderia servir para o reúso”, explicou o tecnólogo em saneamento Elias Silva.
A obra que teve o custo de aproximadamente R$ 30 mil reais consistiu na perfuração de poço estilo cacimbão, com 5 m de diâmetro e 6 m de profundidade. “Adaptamos o sistema de tratamento com três biofiltros que canalizados junto ao poço apresentaram uma vazão de mais de 30 mil litros. Isso nos possibilitaria as condições de adução da água para o estádio”, acrescentou.
Com a ação, aproximadamente 50 m³ de efluentes deixaram de ser despejados no rio, além da economia de mais de 100 m³ de água por dia, gerando uma redução média de R$ 15 mil reais por mês nas despesas com água e energia aos cofres do município. Diante de um caso de sucesso, o objetivo do município é inovar em outras áreas. De acordo com a gestão da cidade, está em fase de construção a primeira praça pública com captação de água de chuva e reaproveitamento na sua manutenção e no campo de reaproveitamento de efluentes.
Outra proposta é o uso das lagoas do matadouro público para plantação de palma e bananeira. O projeto, que segue em avaliação, é uma parceria da prefeitura com aproveitamento do saber popular, essencial nesse processo. “Toda iniciativa que visa o cuidado com os rios e sua preservação é de extrema importância e necessidade. Os municípios, gestores e população, assim como em Afogados da Ingazeira, devem pensar em maneiras viáveis e sustentáveis de economizar. O reúso da água é uma maneira clara de que é possível fazer mais e cada um tendo essa consciência, atingiremos objetivos sólidos e eficazes”, apontou o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Julianeli Lima.
Moradora do bairro São Braz, a professora Monica Marques destaca a importância de ações sustentáveis que podem e devem gerar maior consciência sobre o uso adequado da água. “Essa ação foi de extrema importância para a nossa rua, pois o esgoto corria a céu aberto há alguns anos e, principalmente nos períodos de chuva, o odor era bastante desagradável e colocando em risco a saúde das crianças. Para os moradores considero excelente, ainda mais porque moramos numa região semiárida. Com o aproveitamento do esgoto que acaba poluindo o rio Pajeú, diminui, assim, a quantidade de dejetos e economiza água potável que era utilizada para a irrigação do gramado do Estádio Vianão. Todos ganham com essa ação que é exemplo claro de sustentabilidade” afirmou a professora que também faz o reúso da água em sua casa. “Faço o reúso da água da máquina de lavar. Aproveitamos para lavar calçada e muro. Até porque há bem pouco tempo, estávamos sofrendo com a escassez de água no município”, completou.
CBHSF
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