quinta-feira, agosto 31, 2017

Pesquisa da Codevasf registra presença do matrinxã na pesca artesanal no Baixo São Francisco

Pescadores já haviam relatado capturas da espécie em localidades da região. O registro mais recente foi no povoado de Entremontes, em Piranhas (AL). Foto: Codevasf/Divulgação

O matrinxã, peixe que não era encontrado nas águas do Velho Chico há mais de 40 anos, está de volta no trecho do rio em Alagoas graças aos peixamentos promovidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) na região. A presença da espécie na pesca artesanal, no Baixo São Francisco alagoano, foi registrada durante pesquisa que monitora a ictiofauna local realizada pela Companhia em parceria com o Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A revista científica “Aquaculture, Aquarium, Conservation & Legislation – International Journal of the Bioflux Society” publicou artigo sobre o referido estudo.

“O retorno do peixe, de importância comercial na região, é resultado dos peixamentos realizados há décadas no Baixo São Francisco pela Codevasf, por meio do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba (5ª/CII), localizado em Porto Real do Colégio (AL). Isso mostra a importância dessa atividade para a conservação das espécies nativas do rio São Francisco”, avalia o engenheiro químico e Doutor em Biotecnologia Marcos Vinícius Teles Gomes, analista em Desenvolvimento Regional da Codevasf em Alagoas.
Alguns pescadores já haviam relatado capturas pontuais do matrinxã em localidades do Baixo São Francisco. O registro mais recente foi no povoado de Entremontes, na cidade de Piranhas (AL). O aluno Thiago D’avilla, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da UFS, chegou a registrar a presença do peixe na pesca artesanal de Entremontes em seu trabalho de mestrado.

Peixamentos

Somente há três anos a Codevasf iniciou o peixamento com o matrinxã (Brycon orthotaenia) na região do Baixo São Francisco. Segundo Marcos Vinícius Gomes, os peixamentos na calha do rio São Francisco são realizados no trecho entre as cidades de Piaçabuçu e Piranhas utilizando diversas espécies, entre elas xira (Prochilodus argenteus), bambá piau (Prochilodus costatus), piau cutia (Leporinus obtusidens), mandi (Pimelodus maculatus), cascudo (Pterygoplichthys etentaculatus), pacamã (Lophiosilurus alexandri), dourado (Salminus franciscanus), surubim (Pseudoplatystoma corruscans), pirá (Conorhynchos conirostris) e algumas espécies de piaba, principalmente a Astyanax bimaculatus.

“O trabalho de peixamento com espécies nativas e o monitoramento limnológico e ictiológico são atividades essenciais para a recomposição da ictiofauna e para a revitalização do rio São Francisco. Os relatos indicam que o matrinxã já está sendo registrado na pesca artesanal. O mesmo espera-se para o pirá e o surubim. Desde o início de 2017 já foram soltos aproximadamente 15 mil alevinos destas duas espécies na calha do rio entre as cidades de Penedo e Porto Real do Colégio”, explica Gomes.

Para a comunidade científica, os peixamentos têm papel fundamental. “Essas ações são importantíssimas e mostram que as técnicas de reprodução em cativeiro estão dominadas, mas o próximo passo e mais importante é revitalizar o rio para que as populações consigam se estabelecer e reproduzir naturalmente”, afirma o professor Marcelo Brito, da UFS.

Recomposição da ictiofauna

Por meio de seus sete Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura implantados em quatro estados, a Codevasf atua na preservação da ictiofauna das bacias hidrográficas, bem como em sua revitalização, por meio da realização de peixamentos e pesquisas aplicadas.

“Esses centros e seus técnicos têm prestado serviços relevantes, tanto por meio de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia, como pelos peixamentos e pelo acompanhamento da evolução das espécies nativas devolvidas aos rios. Estamos investindo na preservação do meio ambiente e na consequente melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. É uma verdadeira missão que a Codevasf exerce com orgulho e dedicação e precisa da contrapartida dos investimentos, que retornarão em benefícios para a população e para o meio ambiente”, afirma Inaldo Guerra, diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas da Codevasf.

Desde 2007, foram destinados para os peixamentos 68 milhões de alevinos de espécies nativas, entre elas cari, pacamã, piau, curimatã pacu, curimatã pioa, matrinxã e piaba. Somente em 2017, já foram realizadas 27 ações de soltura de peixes em trechos do rio – cerca de 2,1 milhões de alevinos.

Os centros integrados são considerados referência no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias de reprodução, larvicultura e alevinagem de espécies nativas do rio. São eles: Três Marias e Gorutuba, em Minas Gerais; Xique-Xique e Ceraíma, na Bahia; Bebedouro, em Pernambuco; Betume, em Sergipe; e Itiúba, em Alagoas.

Codevasf

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