terça-feira, julho 18, 2017

Médica denuncia superlotação e infecção hospitalar na neonatologia do Hospital das Clínicas da UFPE


Profissionais de saúde do setor de neonatologia do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) denunciam caos no atendimento a mães e recém-nascidos. "Estamos vivendo aquela situação caótica de superlotação e infecção hospitalar consequente. A lotação está muito acima da capacidade. Temos sete recém-nascidos em precaução de contato (isolamento) porque estão colonizados com bactérias hospitalares. Não temos pessoal suficiente pra prestar a assistência adequada, o espaço entre os leitos não está sendo respeitado, o estresse entre as equipes e das mães e familiares piorando tudo...", detalhou uma médica, que prefere não se identificar.

Segundo ela, nesta segunda-feira a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal do HC tem nove pacientes, quando a capacidade é para oito bebês. Já a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) tem 25 pacientes, quando só poderia atender 10. O centro obstétrico, que não deveria abrigar recém-nascidos, conta com 11 bebês aguardando vaga para alojamento conjunto que, por sua vez, tem 18 internados, quando deveria receber até 15 pacientes. Por meio de fotos, a profissional mostra ainda a situação das mães com seus bebês em macas, no corredor do bloco obstétrico do HC.

De acordo com a médica, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do HC está investigando os cinco casos de bebês que contraíram infecções graves por bactérias, entre eles um caso de óbito possivelmente relacionado à infecção hospitalar. "Diante do risco, desde a semana passada, a CCIH, que é bastante atuante, encaminhou documentação para todos os setores envolvidos, para a Apevisa e Secretaria Estadual de Saúde, solicitando o fechamento do internamento de alto risco da maternidade até a normalização de vagas".

Ainda segundo a médica, o caos se repete em outras unidades da rede de saúde pública: "Não sabemos mais o que fazer. A rede de assistência materno-infantil do estado (SUS) está em colapso. Todos superlotados. O Cisam interditado para alto-risco. O Agamenon com uma das salas interditada, porque a mesa cirúrgica caiu durante uma cesárea no último final de semana.A avó, que estava assitinfo o partom chegou a passar mal, mas não houve maiores danos ao bebê, que era de risco", acrescenta.

A profissional de saúde aponta ainda para a questão da regulação de leitos e cobra medidas às redes municipais de saúde: "É uma situação inaceitável. A Central Reguladora de Leitos manda para o hospital independente de haver vaga ou não. Faz um sistema de rodízio, mas um rodízio do caos. As maternidades das redes municipais não estão dando conta, algumas estão fechadas e começam a supelotar as maternidades de referência de alto risco. A gente fica com superlotação de pacientes de risco habitual e as prefeituras não tomam providências".

Em entrevista ao Diario, Lindaci Sampaio, coordenadora da unidade neonatal, confirmou a superlotação no hospital e afirmou, ainda, que o fato acontece diariamente. "Todos os dias, mandamos um memorando para a diretoria do hospital informando a lotação. O diretor encaminha para a secretaria estadual, pedindo o fechamento da unidade". "Toda essa superlotação afeta a qualidade da assistência e a segurança do paciente fica totalmente prejudicada", enfatizou Lindaci.

Diário de Pernambuco

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