Dois dias depois do ataque que matou sete pessoas e feriu outras 48 em Londres, começam a surgir histórias daqueles que abordaram os criminosos, socorreram os feridos ou ajudaram as equipes médicas e policiais.
Conheça algumas delas:
Golpes de skate
O bancário Ignacio Echeverría, de 39 anos, é uma das pessoas que colocaram sua segurança pessoal em risco para ajudar vítimas durante o ataque.
Funcionário do HSBC, ele viu o atentado se desenrolar na London Bridge e usou seu skate para tentar defender uma mulher que estava sendo esfaqueada por um dos agressores.
Mas há uma preocupação crescente com Echeverria, que não foi visto desde então.
De acordo com seu pai, amigos "o viram deitar na calçada depois de defender alguém com seu skate".
Ele não está listado entre os mortos, nem todos nomeados pela polícia até a publicação desta reportagem.
Primeiros-socorros
Giovanni Sagristani, de 38 anos, e seus amigos estavam no restaurante El Pastor quando um dos criminosos entrou no local e esfaqueou uma mulher no peito.
"Ele veio gritando e a esfaqueou", disse.
O companheiro de Sagristani, Carlos Pinto, de 33 anos, que trabalha como enfermeiro de cuidados intensivos em Londres, socorreu a mulher com a ajuda de um amigo, também enfermeiro.
"Eles pegaram um pouco de gelo e panos e tentaram parar o sangramento. Ela perdeu meio litro de sangue no começo, eles estavam pressionando a ferida", disse Sagristani.
Segundo ele, que outros clientes do restaurante conseguiram expulsar o agressor jogando cadeiras e garrafas nele. Uma vez que o criminoso estava do lado de fora, o grupo baixou um portão de segurança.
"Após o momento inicial de pânico, todos tentaram ajudar essa mulher e se acalmaram. Estávamos todos na parte de trás do restaurante. Ouvimos tiros lá fora e não sabíamos o que estava acontecendo."
Sagristani disse que se passaram mais de duas horas antes que os paramédicos pudessem chegar até eles.
"Eles (os enfermeiros) a mantiveram consciente. Foi muita sorte que eles estivessem lá", acrescentou.
De mãos vazias e com um bastão
Jogador de rugby amador, um policial que estava de folga foi esfaqueado depois de enfrentar um dos três agressores. Ele, que ainda não teve seu nome divulgado, permanece internado em condições críticas.
A comissária da Polícia de Londres Cressida Dick elogiou as ações "absolutamente heroicas" do agente, que foi levado para o hospital em um carro da polícia.
Ela acrescentou: "É difícil escolher histórias individuais, mas estou imensamente orgulhosa dele e do que ele fez".
Um integrante de Polícia de Transportes, que enfrentou os atacantes armado apenas com seu bastão, ficou gravemente ferido, mas agora está estável.
O chefe de polícia Paul Crowther disse que a bravura que ele mostrou foi "incrível".
Arremesso de caixas
Florin Morariu foi descrito como um herói nas redes sociais.
Ele, que trabalha na padaria Bread Ahead, no Borough Market, viu uma agitação estranha e convidou algumas brasileiras que estavam assustadas para entrar na loja e deu-lhes um copo de água.
Quando elas explicaram que três homens estavam esfaqueando pessoas no mercado, o padeiro pegou duas caixas e saiu para enfrentar os autores do ataque e defender os feridos.
"Eu senti pena das vítimas, não sabia como lidar com as coisas ou reagir. Pensei comigo mesmo 'também estou em perigo'", contou ao programa Victoria Derbyshire, da BBC.
"Só joguei a caixa (em um dos autores do ataque). Joguei a primeira caixa e sabia que ele ia se esquivar. Enquanto ele estava se esquivando, caminhei em sua direção e o acertei na cabeça com a outra caixa."
O padeiro disse que logo depois, um policial gritou para ele se afastasse.
Socorro a segurança
O editor de negócios do tabloide Sunday Express, Geoff Ho, tentou ajudar um segurança que estava sendo atacado por dois criminosos na Southwark Tavern.
Praticante de boxe e artes marciais, ele está em terapia intensiva depois de ter sido esfaqueado no pescoço.
O vídeo de sua escolta pela polícia até uma ambulância foi postado no site do Daily Express.
Nas imagens, Ho usando uma camiseta para controlar a perda de sangue em seu pescoço.
Após o ataque, ele escreveu no Facebook: "Não sei se foi estúpido ou nobre entrar na luta do lado de fora da Southwark Tavern, mas vi dois idiotas atacando um segurança que estava sozinho. Isso não iria acontecer sob a minha vista".
Nesta segunda-feira (05), o jornalista contou no Twitter que passou por uma cirurgia e está "se recuperando".
De volta ao trabalho
Profissional do Royal London Hospital, Malik Ramadhan estava voltando para casa de bicicleta após seu turno quando percebeu que havia algo de errado.
Ele estava pedalando rumo ao sul da cidade quando, da Tower Bridge, notou veículos de emergência acelerando em direção à área da London Bridge.
"Ficou claro que algo estava acontecendo, tanto pelo jeito como estavam dirigindo quanto pelo número de veículos", contou ele. "Voltei ao trabalho."
Quando chegou ao hospital, a emergência foi reportada - a equipe ficou pronta para tratar os pacientes dentro de 30 minutos.
"Os 12 (atendidos) estavam todos gravemente feridos. As pessoas foram esfaqueadas com a intenção de matar."
Os pacientes estavam "tão assustados que não conseguiam falar".
Segundo Ramadhan, muitos médicos e enfermeiros estão deixando de consumir bebidas alcoólicas nos finais de semana para estarem disponíveis caso um ataque ocorra.
Grito de alerta
A estudante de enfermagem Rhiannon Owen estava usando um caixa eletrônico - muitos dos aparelhos ficam nas ruas no Reino Unido - quando um taxista gritou "corra".
"Eu vi a faca e não olhei mais para trás. Apenas corri o mais rápido que pude", disse.
A jovem de 19 anos viu um dos autores do ataque atrás dela e se escondeu dentro de um restaurante Applebee, onde se juntou a outras 30 ou 40 pessoas. Todos foram se refugiar no estoque do estabelecimento.
Ela disse que deve sua vida a esse motorista de táxi - e pediu que ele entrasse em contato: "Você salvou minha vida".
Mais histórias
Os relatos de solidariedade continuaram durante os trabalhos da polícia após o fim do ataque.
Funcionários de supermercados, por exemplo, foram fotografados oferecendo comida e bebida aos policiais no domingo de manhã.
Além disso, um paramédico contou que o gerente de uma unidade do McDonald's fechou o restaurante e deu todos os alimentos e caixas de água restantes aos serviços de emergência.
O encanador Paul Ashworth, do condado de Surrey, pedalou 33 km até Londres e vem distribuindo água entre os policiais que atuam na área da London Bridge.
"Não é nada em comparação ao que eles fazem. É apenas tentar dar algo de volta. Eles estão nos protegendo, salvando nossas vidas", contou ele.
"Nós só temos de ficar juntos - o mundo inteiro tem."
BBC/G1 SP
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