O chefe da Polícia Civil de Pernambuco, delegado Joselito Kerhle do Amaral, afirmou que os cinco policiais militares presos durante a ‘Operação Duas Caras’ usavam fardamentos e distintivos das duas polícias e até uma viatura militar para cometer crimes. Eles foram investigados por extorsão mediante sequestro, tortura e roubo. Os principais alvos do esquema eram empresários e comerciantes do Recife e Região Metropolitana.
O chefe da Polícia Civil apontou que os PMs e um ex-presidiário, que também foi preso por envolvimento com a associação criminosa, encarceravam as vítimas e praticavam tortura até receber os valores de resgate exigidos às famílias.“Em um dos casos, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, eles sequestraram um empresário de um matadouro e utilizaram uma viatura da PM e fardas da Polícia Militar também”, apontou.
Comandante da PM, Vanildo Maranhão apontou que foram presos um sargento e três soldados. Um quarto soldado da corporação já estava preso por tráfico de drogas e teve o mandado de prisão expedido. "Um sargento e dois soldados eram do Batalhão de Rádio Patrulha, um soldado do 25º Batalhão e o quinto também policial militar, que já estava preso no Creed", detalhou.
Maranhão afirmou que apenas o policial que já estava preso tinha histórico de crimes e lamentou a participação dos profissionais em crimes. "São policiais militares que tem o dever de preservar a ordem e cumprir as leis mais que qualquer cidadão, é um dever profissional. A gente fica triste quando acontece esse tipo de coisa na corporação, mas faz parte e a Polícia Militar está atenta", destacou o comandante.
Balanço
No primeiro balanço da ação, deflagrada nesta sexta (9), feito logo após a conclusão das prisões e recolhimento de materiais apreendidos, Amaral afirmou que os policiais podem pegar penas somadas de até 60 anos de prisão. A operação foi batizada de Duas Caras porque eles eram militares da ativa e também usavam equipamentos da Polícia Civil.
Entre os objetos apreendidos, segundo a polícia, estão relógios e uma jaqueta de mototaxista. Os demais detalhes devem ser apresentados em uma coletiva de imprensa, marcada para a segunda-feira (12). “Também vamos mostrar todos os materiais recolhidos e como aconteceu cada caso”, acrescentou Amaral.
A ação
A ‘Operação Duas Caras’, a 19ª ação de repressão qualificada de 2017, foi deflagrada a partir do trabalho investigativo realizado pelo Grupo de Operações Especiais (GOE). Todos os mandados foram decretados pelo Juiz de Direito da 9ª Vara Criminal da Comarca da Capital.
A operação contou com a participação de 75 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães. Também atuaram 18 policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e quatro Policiais Militares da Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS). Os presos e os materiais apreendidosforam encaminhados para a sede do GOE, no Cordeiro, na Zona Oeste do Recife.
G1 PE
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