Ao lado do irmão, Wesley Batista, e com ajuda do BNDES, Joesley transformou o pequeno frigorífico na maior processadora de carnes do mundo
Goiano de 45 anos, Joesley Batista é dono de uma fortuna estimada em 3,1 bilhões de reais, segundo a revista Forbes. Tudo com um açougue aberto em Anápolis, Goiás, em 1953, batizado com as iniciais de José Batista Sobrinho, pai de Joesley. A construção da nova capital Brasília, anos depois, fez com que o comerciante, conhecido como ‘Zé Mineiro’, expandisse seus negócios, aproveitando o ‘boom’ dos candangos que chegavam à região.
Na década de 1980, os negócios começaram a prosperar – mas nada comparado ao que se veria nos anos 2000.
Ao lado do irmão, Wesley Batista, Joesley transformou o pequeno frigorífico na maior processadora de carnes do mundo, com 237 mil colaboradores no mundo (sendo que 53% deles trabalham no Brasil).
Os irmãos, com 42,3% de participação no conglomerado, têm sempre a última palavra – e tomam todas as principais decisões da holding, inclusive no relacionamento com políticos, que receberam milhões em doações da empresa.
Muito do crescimento do conglomerado pode ser creditado à ajuda do BNDES, que escolheu a JBS como uma de suas ‘campeãs nacionais’ – empresas que receberiam aportes regulares do banco de fomento brasileiro durante os anos do PT no poder. A partir daí, a companhia passou de um faturamento de 1,2 bilhão de reais, em 2004, para algo em torno de 170 bilhões de reais em 2016.
Hoje, o banco possui 20,3% da JBS – que encabeça a holding J&F, controladora de empresas como Alpargatas, Vigor, Flora, Eldorado e o banco Original, em negócios ainda cercados de mistério.
Joesley é conhecido pela simplicidade, mas não hesita em cobrir de mimos a mulher: a jornalista e apresentadora Ticiana Villas Boas. Em entrevista a VEJA, ela revelou que tinha gastos “ilimitados pagos por ele” e que não sabia o quanto custava o litro da gasolina. “Quando me dei conta, nem sabia mais o preço da gasolina. Pensei: sou jornalista e não sei quanto custa o combustível? Voltei eu mesma a encher o tanque”, disse à época. Aviões, mansões em lugares nobres do país, casas no exterior (inclusive o apartamento em Nova York onde se hospedaram quando a delação veio à tona) e festas nababescas fazem parte da rotina do casal bilionário.
As sucessivas operações da Polícia Federal contra o grupo vinham tirando o sossego de Joesley. Além da Operação Bullish, que investiga contratos de 8 bilhões de reais uma subsidiária do BNDES com a JBS, o conglomerado é alvo de outras quatro ações da PF – a Greenfield investiga o uso irregular de dinheiro de fundos de pensão para a JBS; a Sepsis apura liberação indevida de recursos do fundo de investimentos do FGTS; a Cui Buono, investiga fraudes na liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal; além da Carne Fraca, que apura um esquema de corrupção envolvendo frigoríficos e fiscais do Ministério da Agricultura.
Ao gravar o presidente da República, para depois fechar um acordo de delação, o empresário mostra que o objetivo era evitar a prisão e encerrar as investigações contra a JBS por meio do pagamento de multa, livrando o grupo de penalizações mais severas. Quanto à opinião pública, Joesley divulgou carta na quinta admitindo seus erros e pedindo desculpas. Na declaração, ele culpa o sistema brasileiro pelos atos que levaram à empresa para o lado negro dos negócios: “Nosso espírito empreendedor e a imensa vontade de realizar, quando deparados com um sistema brasileiro que muitas vezes cria dificuldades para vender facilidades, nos levaram a optar por pagamentos indevidos a agentes públicos.”
Por: VEJA Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.