O grupo suspeito de fraudar pelo menos 70 concursos públicos e vestibulares em vários estados brasileiros, desarticulado na Operação Gabarito, da Polícia Civil da Paraíba, utilizava um diário bíblico para anotar informações acerca da contabilidade do esquema criminoso. A informação foi confirmada nesta terça-feira (16) pelo delegado Lucas Sá, responsável pela investigação.
O esquema lucrou pelo menos R$ 18 milhões e aprovou mais de 500 pessoas em concursos e vestibulares, segundo a Polícia Civil. Até a sexta-feira (13), 25 pessoas foram presas, sendo 19 no dia 7 e outras seis na sexta-feira, além de 11 veículos apreendidos e muitos documentos e equipamentos eletrônicos.
De acordo com a polícia, a esposa de um dos irmãos apontados como chefes do grupo era a pessoa responsável por toda a parte financeira das fraudes. Dentro da agenda bíblica constavam anotações de vários dados acerca de valores pagos para integrantes do grupo, incluindo um comprovante de cheque bancário.
O diário bíblico foi apreendido junto com outros materiais e documentos dentro da casa que funcionava como base do grupo, em um condomínio de luxo de João Pessoa, quando foi deflagrada a primeira fase da operação, no dia 7.
“A suspeita era responsável por fazer os repasses dos valores da venda dos ‘kits completos de aprovação’ para os integrantes da organização e utilizava o diário como disfarce da contabilidade do esquema, tanto para passar despercebido no transporte do material quanto num caso de eventual busca ou apreensão”, explica o delegado.
Segundo o delegado, os “clientes” do grupo eram contatados principalmente em cursinhos e por meio redes sociais. “São muitas as maneiras, mas as principais são pelo Facebook, WhatsApp e indicação de pessoas de cursinhos. Vários dos presos são professores de cursinho. Então eles acabam indicando a organização para os alunos desses cursos e fazendo a proposta de ingressar no esquema fraudulento”, disse o delegado.
As fraudes começaram em 2005, e mais de 500 pessoas já foram beneficiadas com o esquema em pelo menos 70 concursos. Os suspeitos cobravam, em média, o valor correspondente a 10 vezes o salário inicial do cargo pleiteado. A venda do ‘kit completo de aprovação’ custava até R$ 150 mil. Em 12 anos, o valor acumulado pelo grupo com o esquema já passa de R$ 21 milhões, segundo Lucas Sá.
Ao todo, 25 pessoas já foram presas na operação, que investiga a participação de pelo menos 70 pessoas no grupo. A primeira etapa aconteceu no dia da realização das provas do concurso do Ministério Público do Rio Grande do Norte, quando 19 pessoas foram presas em flagrante tentando fraudar o concurso com pontos eletrônicos. Os outros seis suspeitos foram presos na sexta-feira (12), durante a segunda etapa da operação.
G1 PB
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