WhatsApp é o principal meio usado para replicar mensagens que antes circulavam por outros meios. Mensagens são remodeladas ou ganham aura de novas para continuar sobrevivendo.
A pane de duas horas no WhatsApp na quarta (3) foi motivo suficiente para ressuscitar um dia depois a notícia falsa (e antiga) de que o aplicativo a partir de agora será pago. Não é verdade e não é de hoje que a história vem sendo repetida. Isso acontece há pelo menos cinco anos.
O G1 acompanha há mais de um mês as redes sociais em busca dos posts mais compartilhados pelos usuários. E percebeu que a maior parte deles é antiga. São mensagens recicladas ou repetidas como essa do WhatsApp. Os registros, bem intencionados ou não, usam termos como "espalhem" ou "compartilhem"; alguns estão há mais de uma década em circulação.
Coautor do trabalho acadêmico "Conhecer o público: a análise do consumo de notícias em grupos de Whatsapp", o mestrando Matheus Lobo Pismel, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR), afirma que o jornalismo tradicional vem sendo cada vez mais confrontado com novas formas de discurso que até duas décadas atrás não encontravam terreno fértil para circulação.
Ele diz que hoje os próprios públicos podem produzir notícias e relatos de diversos tipos, verdadeiros ou não. As reproduções ou replicagens de notícias são apenas uma face dessa nova dinâmica, em que as pessoas veem a possibilidade de circular informação por fora dos canais tradicionais. "Eu circunscrevo esse fenômento de notícias repetidas dentro desse maior espaço de circulação de informação", diz.
Um boato que marcou a semana por dias seguidos no WhatsApp foi o de que "pessoas de branco vão passar nas casas para medir tireoide, mas na verdade são aidéticos que irão transmitir o vírus HIV a mando da Baleia Azul".
Uma busca na rede mostra que a história vem sendo publicada pelo menos desde 2014, com algumas alterações. O jogo da "Baleia Azul", assunto do momento, foi adicionado agora para dar mais atualidade à notícia falsa. Antes da tireoide, o mesmo boato mencionava a medição do nível de glicose. Também a cidade e o estado variam de tempos em tempos.
Vigora desde 2002 e ainda pode ser encontrada no Whatsapp uma mensagem que aponta a sobra de córneas no Banco de Olhos de Sorocaba, em São Paulo. O texto, que já fez sucesso por e-mail e no Facebook, ainda resiste, apesar de a instituição manter ativo e com destaque em sua página na internet um comunicado avisando que se trata de uma notícia falsa.
O Hospital Sírio Libanês também mantém em seu site uma nota de esclarecimento sobre uma vacina contra o câncer, mas o boato continua sendo compartilhado no WhatsApp e no Facebook. Ele diz que cientistas brasileiros desenvolveram uma vacina contra câncer de rins e pele e cita um profissional do hospital responsável pela pesquisa. O hospital esclarece que participou de uma pesquisa da vacina e que os resultados mostram um grau de atividade limitado, beneficiando temporariamente apenas uma pequeno número de pacientes, deixando claro que não há qualquer evidência de cura que possa ser atribuída a essas vacinas.
Veja outros exemplos:
Proibição da fenilpropanolamina
DESDE QUANDO: ao menos desde 2005
Diz que a substância capaz de provocar hemorragia cerebral foi proibida pela Anvisa no Brasil, o que é verdade, mas lista remédios que ainda têm esse princípio ativo presente, o que não é mais verdade. São 22 medicamentos.
Clonagem de telefone e falso sequestro
DESDE QUANDO: ao menos desde 2010
A mensagem diz que criminosos ligam passando-se por funcionários de operadoras de telefonia dizendo que o celular foi clonado e pedem para que se desligue o aparelho. No intervalo, ameaçam familiares da vitima com golpe do falso sequestro. O golpe é bem antigo.
Vote nulo e nova eleição
DESDE QUANDO: ao menos desde 2010
O texto defende o voto nulo e diz que se essa opção alcançar maioria, a eleição é anulada e todos os candidatos são impossibilitados de concorrer novamente. Ele ganha força a cada dois anos, durante os pleitos. Mas a tese não se sustenta. A eleição é cancelada quando a maior parte dos votos fica nula em razão de uma irregularidade/cassação da chapa do vitorioso. Caso contrário, os votos não são considerados válidos.
Hospital do Homem e falta de pacientes
DESDE QUANDO: ao menos desde 2010
O boato afirma que o hospital do Jardim Paulista, em São Paulo, pode ser fechado por falta de uso. É falso. E ele continua lá e é considerado um dos maiores centros de saúde especializados na América Latina e referência nacional no tratamento de cálculo renal e de próstata.
Refrigerantes que causam câncer
DESDE QUANDO: ao menos desde 2012
Hospital do Homem e falta de pacientes
DESDE QUANDO: ao menos desde 2010
O boato afirma que o hospital do Jardim Paulista, em São Paulo, pode ser fechado por falta de uso. É falso. E ele continua lá e é considerado um dos maiores centros de saúde especializados na América Latina e referência nacional no tratamento de cálculo renal e de próstata.
Refrigerantes que causam câncer
DESDE QUANDO: ao menos desde 2012
O relato dá conta de que pessoas estão internadas após consumo de refrigerantes com substâncias que podem provocar câncer nos rins e tumores no reto. Puro boato.
Novas multas de trânsitoDESDE QUANDO: ao menos desde 2015
O texto aponta novas multas de trânsito dizendo que elas estão "valendo a partir de hoje", mas mistura informações verdadeiras e falsas.
Novas multas de trânsitoDESDE QUANDO: ao menos desde 2015
O texto aponta novas multas de trânsito dizendo que elas estão "valendo a partir de hoje", mas mistura informações verdadeiras e falsas.
G1
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