O presidente da SBM, Antônio Luiz Frasson, destaca que algumas estruturas optam por fazer a reconstrução mamária em momentos separados, possibilitando que a fila para tratamento do câncer ande mais depressa. “A estrutura é limitada, e isso faz com que alguns hospitais deem prioridade ao atendimento do câncer e posterguem a reconstituição. Se, em um dia, eu tenho 10 horas de sala de cirurgia, eu posso operar quatro ou cinco pacientes com câncer de mama. Mas, se eu tiver que reconstituir, eu posso operar duas”, explicou o médico mastologista.
Outro aspecto destacado por ele é o treinamento de profissionais. “Como o sistema reembolsa pouco, e como são cirurgias muito trabalhosas, não são muitos os profissionais que estão dispostos a trabalhar com uma baixa remuneração e alta complexidade”, explicou Frasson. Ele disse que a SBM tem atuado para capacitar mais profissionais a fazer a reconstrução e conscientizar sobre a importância dessa atuação. Segundo Frasson, ainda não há um levantamento sobre os mastologistas que já estão capacitados ou que contam com equipe para a reconstrução.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, pelo menos 74 mil mulheres estão mutiladas pela mastectomia no país, mas com condições clínicas de fazer a cirurgia. “Menos de 10% dos casos são tão graves que a gente quer apressar o tratamento oncológico com radioterapia, quimioterapia e, por esse motivo, deixa de fazer [a reconstrução]”, explicou Frasson. O médico lembrou que a mutilação traz consequências importantes para a autoestima e sociabilidade da mulher. “É a falta de sensação de integridade física.”
SUS
Em nota, o Ministério da Saúde informou que o procedimento é oferecido de forma gratuita em qualquer unidade de saúde especializada no atendimento ao câncer de mama no país. Segundo a nota, este ano, o número de cirurgias de reconstrução mamária cresceu 76,9% em relação a 2010, quando foram realizados 1.909 procedimentos. Nesse período, os investimentos federais passaram de R$ 2,4 milhões para R$ 9,5 milhões.
O ministério questiona ainda o estudo da SBM, considerando que o “banco de dados do governo federal dispõe apenas de informação sobre procedimentos, o que não quer dizer, necessariamente, pessoas”. E reforça que, no âmbito do SUS, observa-se o crescimento do número de reconstruções mamárias.
De acordo com a pasta, esse procedimento deve ser feito no mesmo ato cirúrgico de retirada da mama, segundo a Lei nº 12.802, de 24 de abril de 2013. O ministério ressalta, porém, que cabe à equipe médica avaliar se é possível fazer os dois procedimentos seguidamente. “A decisão é tomada com base em diversos fatores como, por exemplo, condição da área afetada para evitar infecção ou rejeição da prótese, condição clínica e vontade da própria paciente.”
Agência Brasil
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