terça-feira, maio 09, 2017

A pedido de Humberto, Senado comemora 200 anos da Revolução Pernambucana


Foto: Roberto Stuckert Filho

Duzentos anos depois da única revolta vitoriosa ocorrida contra determinações impostas pela Corte Portuguesa ao povo brasileiro no período colonial, o Senado fez, nesta segunda-feira (8), homenagem à Revolução Pernambucana de 1817, também conhecida como Revolução dos Padres.

A sessão solene, que contou com o apoio do presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e com a participação de parlamentares pernambucanos como o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e a deputada federal Creuza Pereira (PSB), escritores, jornalistas e historiadores, foi proposta pelo líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE).

O ato, realizado no plenário do Senado por mais de 2h30min, foi aberto com a execução do hino nacional e de Pernambuco. Inicialmente, Humberto ressaltou a importância do debate na sociedade sobre atos históricos grandiosos e declarou que a herança de 1817 legou ao Estado o seu atual espírito insurgente, democrático e de combate às injustiças.

“É uma oportunidade de grande significado para tomarmos lições do passado, entendermos melhor o nosso presente e termos mais base para projetar com altivez o nosso futuro. Estamos falando de um feito grandioso que marcou para sempre Pernambuco e o Brasil”, afirmou.

Segundo o parlamentar, o movimento foi feito sob ideais iluministas e libertários, sendo liderado por maçons, senhores de engenho, militares, artesãos, juízes e, sobretudo, pelo povo. Ficou conhecido também pela Revolução dos Padres pelo forte apoio dado pelo Seminário de Olinda.

Ele fez questão de registrar que, desde sempre, partiu de Pernambuco movimentos históricos e reações firmes a todo o tipo de tirania e de malfeito: das revoluções coloniais até vários outros períodos históricos marcados por perseguição, tortura e assassinatos por conta da luta travada pelo que é certo e pelo que é direito. A ditadura (1964-1985) foi um exemplo citado.

“Longe de ser um simples movimento nativista, a Revolução Pernambucana foi um ato histórico da maior relevância. Afrontou a Coroa Portuguesa e, por um período, derrotou-a. Historiadores estão aí para analisar a questão, mas foi um movimento que, pelos seus motivos, ajudaria a desaguar na Independência do Brasil, que viria a chegar cinco anos mais tarde, em setembro em 1822”, ressaltou.

O senador lembrou que a revolução pernambucana foi a única revolta anticolonial que logrou êxito no Brasil, a única que venceu, mesmo que temporariamente e por apenas 75 dias, "quando a força desproporcional da Coroa suplantou o movimento".

“Nesse curto tempo de Governo Provisório, foram reduzidos os impostos, foram postos em liberdade presos políticos, foram valorizados os soldados da Capitania, ações que renderam forte empatia popular. É a Revolução de 1817 um marco não só para a História do nosso Estado, mas para o sentimento de valorização que constitui uma verdadeira marca do seu povo”, disse.

O líder da Oposição observou, ainda, que a revolução foi liderada pelos comerciantes Domingos José Martins e Antônio Gonçalves da Cruz, o Cruz Cabugá, pelos padres Roma e João Ribeiro, além da lendária figura de Frei Caneca.

"É importante destacar que foi a única revolução emancipacionista que saiu da conspiração para a vitória, sendo vista com simpatia e respeito por governos estrangeiros", disse.

Convidados presentes na sessão solene:
Professor José Luiz Mota Menezes, arquiteto e doutor em história da arte, membro da Academia Pernambucana de Letras;
Professor Vamireh Chacon, doutor em direito pela tradicional Faculdade de Direito do Recife e também pela Universidade de Munique, na Alemanha, com pós-doutorado na Universidade de Chicago, Estados Unidos;
Leonardo Dantas Silva, conselheiro e consultor do Instituto Ricardo Brennand, Recife, e membro efetivo do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco;
Paulo Santos de Oliveira, jornalista, escritor, autor dos romances históricos A Noive da Revolução, sobre a república nordestina de 1817, e o General das Massas, sobre o General Abreu e Lima;
George Félix Cabral de Souza, presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, doutor em história pela Universidade de Salamanca, na Espanha, professor do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco e acadêmico honorário da Academia Portuguesa de História;
Flávio José Gomes Cabral, doutor em história pela Universidade Federal de Pernambuco, professor de história do curso de graduação e do programa de mestrado profissional de história da Universidade Católica de Pernambuco e atual coordenador do curso de história da referida universidade;
Luiz Carlos Villalta, doutor em história pela USP, professor de história do Brasil colonial e de práticas de ensino da Universidade Federal de Minas Gerais e professor da Universidade Federal de Ouro Preto, também em Minas Gerais.

Assessoria do senador Humberto Costa

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