Foto: Clovis Fabiano
O lançamento da Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero, promovido pelo Instituto Ethos e CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) conseguiu a adesão de 20 empresas, que se comprometeram a promover inclusão, disseminar a cultura da equidade com fornecedores e prestadores de serviço, mas – acima de tudo –se propuseram agir para acelerar o processo de igualdade com ações afirmativas e marketing das boas práticas.
“Hoje nos preocupa o retrocesso em políticas públicas e a necessidade de articular a sociedade civil e setor privado para promover boas práticas de inclusão, de equidade para uma economia mais justa. Foi incrível receber doze empresas para assinar o documento de adesão à Coalizão e mais oito empresas, de pequenas a multinacionais, que literalmente se levantaram para apoiar e aderiram ao grupo. Essa é a prova que essa agenda é prioridade e precisa ser acelerada”, diz Caio Magri, diretor presidente do Instituto Ethos.
Com a troca de experiências de empresas e instituições, uma conclusão foi consenso: sem o envolvimento do CEO e da diretoria das empresas, a equidade será lenta. Quem levantou a bandeira foi o presidente da Bayer do Brasil, Theo van der Loo, que mostrou a necessidade de mudar o ambiente corporativo com negros, mulheres e homens, respeitando a identidade de gênero e promovendo metas de contratação e geração de empregos para jovens. ”Precisamos promover diversidade a partir dos estagiários, fomentar o acesso ao mercado de trabalho. Os CEOs precisam estar engajados, pensar como um negro, ter política salarial igual para homens e mulheres, se colocar no lugar do outro. Precisamos acelerar essa mudança, enfrentar a inclusão e não esperar mais duas, três décadas”.
Como um dos apoiadores da Coalizão Empresarial, o Fundo Newton, que investe em projetos de intercâmbio de conhecimento e ações culturais, acredita que o desafio justifica o investimento: “O reconhecimento da diferença, da diversidade é fonte de riqueza e prosperidade”, destacou Diana Daste, gerente sênior do Fundo Newton.
Acreditar que o mundo corporativo precisa se engajar com a equidade racial e de gênero é comprovado em números dos dados públicos, como os 40% de alunos negros nas universidades que vão para o mercado de trabalho, como mostrou a diretora executiva do CEERT, Cida Bento: “O Estado deu passos significativos para incluir o jovem negro ou pobre na educação. A bola da vez está com as empresas para construir uma base sólida de inclusão. De maneira qualificada na prática da equidade racial e de gênero para o desenvolvimento e justiça para todos. A Coalizão Empresarial é a oportunidade de mostrar boas práticas e provocar as empresas a promover diversidade como estratégia e modelo de negócio”.
Já os números apresentados pelo BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento – mostram que em 20 anos pouco mudou no Brasil quando se trata de igualdade. “O Brasil está num momento difícil, mas é preciso falar da importância da competitividade, como ter mais mulheres e negros nos Conselhos Administrativos e postos de direção. Para isso é preciso assumir responsabilidades, como a Coalizão Empresarial”, destacou Judith Morrison, Assessora Principal da Divisão de Gênero e Diversidade do BID.
O Professor Hélio Santos, presidente do Board do Baobá- Fundo para Equidade Racial, entidade que mobiliza pessoas e recursos para apoiar projetos em prol da equidade racial, fez várias provocações aos empresários: “Crise é ausência de Projeto de Nação. Precisamos apostar na excelência de pessoas, nos talentos, criar microcrédito para empreendedores negros, homens e mulheres que ajudem a diminuir as desigualdades de gênero e cor”.
Para alinhar a equidade como política corporativa, as empresas de varejo já mudaram seu marketing, com produtos específicos para a pele negra e publicidade com modelos afrodescendentes, como fez a Avon, Natura, Carrefour, Walmart e Coca-Cola Brasil, além dos bancos. E até na cultura, os modelos de adesão de projetos precisam respeitar a diversidade, como explicou Emilia Carmineti, técnica do SESC-SP: “É importante valorizar a individualidade, as muitas vozes”.
Foram muitos exemplos de ações afirmativas, mudanças nos paradigmas de seleção e recrutamento e, mais que ações simbólicas, as empresas mostraram estar comprometidas em mobilizar sua cadeia de fornecedores, prestadores de serviço e consumidores para promover diversidade.
As primeiras empresas a aderir à Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero são: Agência Única, Avon, BRH Brasil, Carrefour, Coca-Cola, Faculdade Montessoriano, Gente Bonita, Integrare, Leão Alimentos e Bebidas, LiDiversas, McDonald´s, Natura, Promon Engenharia, Santo Caos, Simões Advogados, Takao Diálogos, TriCiclos, Verbo Mulher, Walmart e White Martins.
As informações completas, objetivos e termos de adesão estão no site http://www.equidade.org.br/
A Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero é uma iniciativa do Instituto Ethos, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e do Institute for Human Rights and Business (IHRB), com apoio do Movimento Mulheres 360, do Instituto Carrefour, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do programa Fundo Newton, oferecido pelo governo do Reino Unido e pelo Conselho Britânico.
Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero
Ascom Instituto Ethos e CEERT
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