Não há mais como negar que o Náutico passa por uma crise. Se os tropeços em campo e as brigas internas não eram suficientes para ratificar isso, a entrevista coletiva concedida pelos jogadores nesta quinta (27) serviu para tirar qualquer dúvida. Os atletas não foram treinar. No lugar do gramado do CT Wilson Campos, eles encontraram a Imprensa no auditório do hotel. Sem espaço para perguntas, os jornalistas ouviram o desabafo do grupo, com o meia Marco Antônio servindo de porta-voz. Com o salário de março e mais alguns meses de direitos de imagem atrasados, os jogadores, acompanhados de alguns funcionários, decretaram paralisação por tempo indeterminado.
Desabafo do jogador Marco Antônio
Desabafo do jogador Marco Antônio
“Resolvemos chamar vocês aqui para expor o motivo de não termos ido para o campo. E falar diretamente com o torcedor. Até esse último final de semana, a gente tentou com todas as forças conseguir a classificação (para a final Campeonato Pernambucano). E agora que acabo, nós estávamos esperando uma posição da diretoria em relação à condição financeira do clube. Vou falar especificamente do meu caso. Estou aqui há sete meses e são seis meses sem direito de imagem, que é 50% do que eu recebo. E outros três meses sem receber o salário completo. E não sou o pior, tem gente em situação mais difícil”, afirmou o meia.
“Dentro de campo, tentamos honrar o nosso nome, nossa família e a rapaziada que trabalha aqui também, nos ajudando. Esperávamos uma postura diferente da diretoria e queremos passar o recado para quem é dono do clube, que é o torcedor. Esse grupo se reuniu há algum tempo e decidiu cobrar o que é nosso por direito. Do fundo do coração, nós esperamos que essa política de ‘entrar na Justiça para receber’, acabe. A instituição não pode pagar por isso, por algumas gestões que usam desse artifício”, prosseguiu o atleta.
Marco Antônio ainda deixou a entender que as recentes declarações dos dirigentes alvirrubros, afirmando que estariam de olho em novos reforços sem antes quitar os débitos com os jogadores que já estão no elenco, desagradou o grupo.
“Não descemos (para o gramado) para tentar uma posição da diretoria, saber o que eles vão fazer. Vimos entrevistas de diretores falando de contratação e já estamos em uma situação dificílima. O torcedor precisa saber que de nossa parte nunca faltou empenho e dedicação. A gente até paga dentro de campo pelo o que acontece fora. Então esperamos que o Náutico deixe o lado político de lado. Essa é o nosso recado”, concluiu.
Folha de Pernambuco
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