São Paulo, 03 de abril de 2017.
É estranha a forma como tratamos a divulgação de uma informação. Uma determinada informação pode mudar e o que falaram. Foram absurdos que não poderiam ficar escondidos do povo brasileiro os rumos de certas decisões, mas, mantidas em segredo, nada acontece.
Vamos lembrar o caso do telefonema interceptado em 2016, entre Lula e Dilma, mas, a sua divulgação pelo Ministério Público, gerou protestos de Lula, sob a alegação de que foi quebrado o sigilo a que todos têm direito. Na época, o mais importante foi o teor da conversa, que mostrou ao povo como eram os seus governantes, mas muitos discordaram, sob a alegação que a conversa não poderia ter sido divulgada.
Homens públicos e empresas não podem ter segredos que afetem o povo e os rumos do país. O mesmo acontece com os casos de delações premiadas, onde políticos e empresários aparecem diariamente em casos de corrupção assombrosa e os advogados sempre questionam a divulgação da informação e não o seu conteúdo. Se alguém corrompeu e roubou, deve ser punido e o povo tem todo o direito de saber a verdade.
Agora, vemos o escândalo da carne no Brasil, e volta à tona esse velho questionamento. A Polícia Federal divulgou a corrupção no setor e a porcaria que determinadas empresas e fiscais fizeram com a saúde pública, mas o governo tenta minimizar o problema, dizendo que foi muito pequeno e não precisava desse alarde todo, que fez com que o Brasil perdesse divisas com exportações.
Novamente, vem o questionamento de que a informação não deveria ser alardeada como foi e quer passar a imagem de que a perda das divisas foi pela divulgação da informação e não pela canalhice dos fiscais e empresários. Punam exemplarmente os culpados, peçam desculpas ao povo brasileiro pela imundície que fizeram, adotem outros padrões de conduta e, aí sim, teremos uma posição correta.
Não tentem esconder o sol com uma peneira, minimizar os danos e tornar como “vilão” a divulgação da notícia. Foi a notícia que causou estragos ao país ou a veracidade das barbaridades que fizeram? Temos todo o direito de buscar a verdade e o dever de divulgá-la. Se ninguém souber dos roubos e crimes contra a sociedade, eles nunca acabarão.
Assim acontece com o leite adulterado com formol e soda cáustica, nos remédios com farinha, papelão no frango, venenos nas frutas e legumes, e assim por diante.
O Brasil, após a Operação Lava Jato e seus desdobramentos, vai mudar. Pode até ter mergulhado em uma grave crise num primeiro momento, mas essa crise passará e vai recomeçar com muitas mudanças para melhor. Teremos um futuro com menos corrupção, menos desmandos da classe política, menos sujeira para nossos filhos e netos e isso é o mais importante.
Parabéns à Policia Federal, ao Ministério Público e à Imprensa, que adotaram essa política de ir ao fundo na sujeira e mostrá-la ao povo brasileiro. Lava Jato já é um marco na História do Brasil como o princípio do resgate dos valores morais no país.
Vamos acabar com essa história de segredos de justiça ou tentar acobertar a lama jogando-a para baixo do tapete para que ninguém a veja. O brasileiro já sentiu o gosto amargo da corrupção e das mentiras e agora chegou a hora de sentirmos o gosto doce das verdades e da justiça. Que venha sempre a verdade para todos, custe o que custar.
*Célio Pezza é colunista, escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Tumba do Apóstolo. Saiba mais em www.facebook.com/celio.pezza
Sobre Célio Pezza
O escritor Célio Pezza iniciou a carreira de escritor em 1999, movido pela vontade de levar as pessoas a repensarem o modelo de vida atual dos seres humanos. Seus livros misturam realidade e suspense, e Celio já tem 8 livros publicados, inclusive no exterior, e é colunista colaborador de dezenas de jornais e revistas por todo o país. Saiba mais em: www.facebook.com/celio.pezza
Ralcoh Comunicação
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