Não é de hoje e não é mais novidade que, cada vez mais, as mulheres estão à frente de cargos estratégicos dentro das corporações. Atualmente elas tomam decisões de alto comando que influenciam não apenas as estratégias das empresas em relação ao mercado, mas elas também são peças sine qua non do processo de reorganização cultural em tempos de macrotransição como este que vivemos. Esta tendência é realidade no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Promissor, não é mesmo?
As primeiras executivas a ocupar o poder dispunham apenas do modelo de liderança masculino, e incorporavam os traços típicos do sexo oposto, como a agressividade e a objetividade. No entanto, aos poucos as mulheres encontram um jeito de liderar de forma mais convergente com seu comportamento. As empresas mais inovadoras, inclusive, estão rompendo com as estruturas tradicionais e passando a ser mais flexíveis e colaborativas, reconhecendo o valor significativo dos traços femininos, como o carinho, a cooperação, a comunicação e a partilha. Isso faz com que, felizmente, o modelo venha caindo nas graças do mercado e as mulheres não precisem agir como homens para terem suas competências reconhecidas.
Defendo a tese que haja um grupo específico de mulheres ao redor do mundo (aproximadamente 70 milhões) que são extremamente estudadas, versáteis digitalmente, muito ambiciosas e influentes. Esse "grupo de elite", que se diferencia substancialmente daquelas que não pertencem a ele, será o grande agente da transformação. O tema do livro “A Doutrina Athena – Como as mulheres (e os homens que pensam como elas) vão governar o futuro”, de John Gerzema, que aborda a liderança feminina e seus valores, agora mais populares que o paradigma machista do passado, fortalece meu argumento. A “Doutrina Athena” mostra porque a feminilidade é o sistema operacional da prosperidade do século 21.
A naturalidade com que habitantes de Vênus cultivam, por exemplo, o bom relacionamento é um trunfo na carreira. Afinal, chefiar hoje em dia não se resume a dar ordens. Ao contrário, uma das funções primordiais do líder é atuar como um facilitador do processo, ajudando a equipe a se desenvolver.
Quando saímos das empresas já estabelecidas e entramos no mundo das mulheres empreendedoras, uma questão importante para as que estão fundando "start-ups" é que, estatisticamente, elas não conseguem tanto capital de investidor quanto o homem. Nos Estados Unidos apenas 5% do capital levantado de investidores são, em média, destinados a mulheres. É a prova de que ainda há estereótipo em relação ao sexo feminino. E que este pensamento estereotipado irá prejudicar investidores, pois as mulheres chegaram para inovar e avançar. Elas se comportam de maneira diferente quando estão fundando empresas: focam no varejo e setor de serviços e evitam capital externo. É uma característica que o mercado precisa absorver.
Quem não percebe que o mundo mudou irá ficar para trás. O estereótipo muçulmano, por exemplo, talvez seja o que mais se destaca na mente ocidental. Mas basta olharmos os exemplos de Shirin Ebadi, primeira muçulmana a ganhar o prêmio Nobel, Fahima Hashim, uma notória feminista do Sudão, Maria Bashir, primeira procuradora geral do Afeganistão, Samina Ali, curadora da exposição online "Muslima - Arte e vozes das mulheres muçulmanas", e Fawzia Koofi, conhecida intelectual do Afeganistão. São mulheres no comando, que certamente irão mudar formas de pensar e agir. São exemplos de mulheres do planeta Terra, que já fazem a cultura e o mundo dos negócios mudarem.
Como seria se homens que são líderes pensassem e agissem um pouco mais como mulheres dentro das instituições e dos mercados que atuam? Empatia, por exemplo, é uma característica frequentemente associada ao universo feminino. Empatia, no mundo das marcas, pode representar, por exemplo, atendimento ao consumidor de altíssima qualidade.
Gabriel Rossi é professor da ESPM e diretor da Gabriel Rossi Consultoria de Marketing.
Carolina Lara
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