''Dinheiro, poder e fama vira a cabeça das pessoas'', diz Dr. Cícero Simões
Em toda a cidade de Petrolândia, o assunto mais comentado é o desligamento, a pedido, de Dr. Cícero Simões da unidade hospitalar que tem o nome do seu falecido irmão, o Hospital Municipal Dr. Francisco Simões de Lima. Elogiado pela população por atender bem os pacientes, sua saída do hospital foi mal recebida pela comunidade.
O pedido de afastamento é, segundo ele, decorrência de um desentendimento e supostos comentários feitos pela secretária de governo do município, Luana Santos. Nessa quinta, a reportagem do Blog de Assis Ramalho e da Web Rádio Petrolândia, com exclusividade, entrevistou o médico que se mostra determinado a não retornar a atender no Homupe, apesar do clamor popular, inclusive com realização de abaixo assinado em prol de seu retorno à Saúde de Petrolândia.
O pedido de afastamento é, segundo ele, decorrência de um desentendimento e supostos comentários feitos pela secretária de governo do município, Luana Santos. Nessa quinta, a reportagem do Blog de Assis Ramalho e da Web Rádio Petrolândia, com exclusividade, entrevistou o médico que se mostra determinado a não retornar a atender no Homupe, apesar do clamor popular, inclusive com realização de abaixo assinado em prol de seu retorno à Saúde de Petrolândia.
Dr. Cícero está em sua cidade natal, Calumbi-PE, e a entrevista foi feita por telefone. Na conversa, o médico explicou os motivos que o levaram a pedir afastamento do Hospital Municipal de Petrolândia. "'Dinheiro, poder e fama vira a cabeça das pessoas'', disse Dr. Cícero, em referência ao comportamento da secretária municipal. O médico informou que atende a todos com igualdade e sequer sabia, na ocasião, que se tratava de alguém do governo municipal.
Inicialmente, perguntamos ao médico sobre os fatos que envolveram sua pessoa e a secretária do município.
"O caso aconteceu no sábado retrasado (14). Eu estava de plantão na sexta-feira (13), tinha eu e mais uma médica, mas o plantão dela ia somente até a meia noite e então eu fiquei sozinho no plantão. Por volta das nove, nove e pouca da noite (de sexta-feira) ela (Louana) chegou com a criança e eu perguntei ''qual o problema da criança?'' Ela disse que era febre, e voltei a perguntar ''tem mais alguma coisa...vômito .. diarreia'' e ela disse ''tem não, ela só tem febre, mas ela não pode ter, pois pode ter convulsão'. Então, ficou o filho da Luana e mais três crianças em observação no pronto-socorro. Quando foi de manhã, por volta das 5 horas, a técnica [de enfermagem] chegou pra mim e disse que tinha uma mulher chateada, querendo ir embora porque o médico não foi lá. E que essa mulher fazia parte do governo do município, o que pra mim nada influencia, pois atendo meus pacientes por igual. Perguntei à técnica se a criança teria tido alguma alteração durante a noite e ela disse que não. Ao chegar lá, para atender as crianças que estavam em observação, ela começou a me encarar como quem estava querendo dizer 'não vai me atender primeiro não?'. Mas eu estava ali para atender a todos, e não apenas uma pessoa. Ela disse que tinha ficado a noite inteira sem dormir e, se fosse só para ficar em observação, não precisava estar ali. Respondi a ela que eu também não tinha dormido e que não tinha feito a visita porque a criança não tinha sofrido alteração, de acordo com a técnica. Então, passei a medicação e fui atender outras crianças. Quando eu saí [do plantão] eu não fiquei sabendo de nada, se ela tinha falado algo ao meu respeito. Uma semana depois, alguém passou uma mensagem por WhatsApp dizendo que, naquele dia, logo após eu ter saído [da enfermaria], ela tinha falado que eu só estava lá por causa do 'defunto' [entendido como referência a Dr. Francisco Simões], e que ela era concursada e não precisava se sustentar para poder trabalhar. Depois disso, eu perguntei à técnica que estava naquele plantão se ela teria ouvido algo sobre o que me chegou por mensagem, e a técnica disse 'o senhor não ouviu não? Eu pensei que o senhor tivesse ouvido'. Com essa afirmação positiva da técnica, eu não tive dúvidas que tudo teria sido verdade. Naquele momento eu comecei o tomar a decisão de me afastar do hospital. Conversei com minha mulher e meus filhos, eles ainda pediram para eu ficar, mas depois de outras conversas com eles resolvi pedir o afastamento. Comuniquei à diretora do hospital, a Lívia, a minha decisão. Ela me perguntou o que tinha acontecido e me pediu para eu ficar. Mas eu já estava decidido.
Perguntamos se o médico comunicou ao prefeito Ricardo a decisão de se afastar, antes de entregar o cargo.
Não, quando eu já estava decidido que iria pedir afastamento. No meu último plantão, eu encontrei casualmente com Ricardo no hospital. Mas não foi tratado esse assunto, até porque Ricardo tinha ido ao hospital para fazer visita, uma visita normal. Eu já estava decidido que não iria continuar mais, não tinha dito a ninguém, porque se eu falasse para o prefeito naquela hora, ia provavelmente causar uma situação delicada e eu não podia perder a minha concentração, porque estava de plantão e tinha que terminar o meu plantão. Depois, como eu disse, eu comuniquei a Lívia. Quando Ricardo soube, ele me mandou mensagem por WhatsApp, nos comunicamos por WhatsApp, ele me pediu o meu telefone, mas eu disse que não iria adiantar, pois a minha decisão já estava tomada. Ricardo também me perguntou se eu tinha ouvido da secretária o que estava sendo comentado e eu disse que não, que tinha ouvido de pessoas que estavam no local naquele dia. Então, Ricardo percebeu que eu não queria continuar mais.
Dr. Cícero diz não ter mágoas de Ricardo nem da diretora Lívia e elogia o quadro de funcionários do hospital.
Não fiquei com mágoa de ninguém, a minha mágoa todos sabem: ''dinheiro, poder e fama vira a cabeça das pessoas''. Quero dizer que o hospital tem uma equipe boa, de pessoas competentes, pessoas que ganham o seu salário dignamente. Só tenho elogios para eles.
Sobre a possibilidade de ele, futuramente, voltar a trabalhar no Hospital Dr. Francisco Simões de Lima.
Sim, eu saí por livre e espontânea vontade, mas um dia eu posso voltar. Não agora. Quero deixar um abraço para todos do hospital, os pacientes, e dizer que eu estou à disposição de todos. Vou continuar os meus contatos com Petrolândia. Hoje existe uma facilidade muito grande de você não perder o contato com ninguém, tem WhatsApp, entre outros meios. Petrolândia é uma cidade boa, que eu gosto, é uma cidade de pessoas que querem uma saúde à altura. Sei que existe um movimento para que eu volte a trabalhar no hospital daí de Petrolândia, mas minha posição é irreversível. Agradeço a você, Assis Ramalho, por ter me dado essa oportunidade de me expressar para o povo de Petrolândia, e até uma próxima oportunidade. Sempre que precisar, é só me procurar.
Redação do Blog de Assis Ramalho
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