De acordo com o MPE do Rio, a Promotoria de Justiça de Paraty acompanhou todo o trabalho das operações de resgate e identificação dos corpos, ao lado da Polícia Civil, da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros, PF e investigadores do Cenipa.
Os promotores pretendem ouvir testemunhas, como barqueiros que relataram ter visto o acidente, e vão aguardar a conclusão da perícia da Aeronáutica para avaliar os próximos passos da investigação. Ontem, os investigadores localizaram o gravador de voz do bimotor modelo King Air que caiu no mar com cinco passageiros. O aparelho foi encontrado em meio aos destroços da aeronave e estava em bom estado, segundo o Cenipa.
Ele registra todo o áudio dentro do cockpit e entre o piloto e a torre de controle em solo e pode ser uma peça central da investigação. O equipamento seria encaminhado ainda ontem para Brasília para que seu conteúdo passe por uma perícia. Não há previsão para a conclusão da análise da caixa de voz, que costuma ser instalado na calda dos aviões porque ela costuma ser a parte menos destruída em casos de queda.
“Se a perícia da Aeronáutica concluir que o acidente foi provocado por imperícia, o caso estará encerrado. Mas, se não for essa a conclusão, as investigações continuarão em busca das causas da queda”, disse o promotor de Justiça Vinicius Ribeiro, titular da Promotoria de Justiça de Paraty. Especialistas ouvidos pela reportagem acreditam que as condições climáticas adversas sejam a principal hipótese para a causa do acidente.
“Acidentes semelhantes têm se repetido com certa frequência nessa região, que é montanhosa e não tem apoio de navegação auxiliar. Se há chuva e baixa visibilidade, como estava na hora do acidente, os riscos aumentam muito”, afirma Miguel Rodeguero, diretor de segurança operacional da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves. “A meteorologia mostrou que havia uma nuvem cumulusnimbus, que é verticalmente extensa e provoca rajadas de vento violentas que desestabilizam a aeronave”, relata Fernando Catalano, professor de engenharia aeronáutica da USP.
Temer espera Corte definir relator da Lava Jato
O presidente Michel Temer disse a auxiliares que o “cenário ideal” para a escolha do substituto do ministro Teori Zavascki - morto aos 68 anos em acidente de avião na quinta-feira - seria após a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, definir o novo relator dos processos da Operação Lava Jato na Corte.
Além da preocupação de “não atropelar” o Supremo, Temer quer evitar um desgaste político ao escolher o sucessor do ministro. Por ser jurista e professor de Direito Constitucional, assessores dizem que Temer deve fazer uma indicação mais pessoal. A presidente do STF afirmou que não trataria do tema antes do funeral de Teori. Para o ministro Gilmar Mendes, que estava na Europa e voltou para acompanhar o enterro, a Corte deverá discutir sobre a redistribuição do processo da Lava Jato depois das cerimônias.
“Vamos aguardar os acontecimentos, vamos aguardar a cerimônia do funeral para depois cuidar dessas questões e dar o melhor encaminhamento”, disse o ministro. Abatido, Gilmar afirmou que a morte de Teori é uma grande perda e citou, em rápida entrevista, por duas vezes a necessidade de se preservar a estabilidade do País. Ele descartou o risco de que a morte do colega de Corte possa colocar em risco o andamento da Lava Jato. “Não acredito (no risco). A responsabilidade institucional do Supremo está acima de tudo.”
Nessa sexta-feira (20), o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia,
defendeu que o STF redistribua imediatamente os processos da operação. Para ele, aguardar a nomeação do sucessor do ministro para que as ações sejam redistribuídas “servirá apenas para agravar o ambiente político-institucional do País”.
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