segunda-feira, janeiro 23, 2017

Delmiro Gouveia-AL: Maior indústria do Sertão, Fábrica da Pedra deve fechar de vez e demitir mais de 400 funcionários


Tudo começou com um “simples” corte de energia, provocado pelo atraso no pagamento de um mês – o equivalente a R$ 1,3 milhão. O desligamento, realizado no final de março de 2016, pela Eletrobras Alagoas, gerou um problema maior do que se poderia.

A diretoria da Fábrica tentou parcelar o débito e religar a energia. Sem acordo, a empresa ficou fora de operação industrial, decretou férias coletivas. A crise resultou na demissão, em meados do ano passado, de mais de 150 dos 580 trabalhadores da indústria.

Agora, os 422 empregos que restaram estão ameaçados. Depois de mais de 100 anos de operação, uma das indústrias mais antigas de Alagoas, considerada a maior do sertão do estado, pode fechar em definitivo.

Os rumores sobre o processo de decretação de falência e demissão de todos os trabalhadores aumentaram muito neste final de semana, em Delmiro Gouveia.


O site Radar89, sediado no município, informa que “o fim de semana na cidade foi marcado por uma surpresa desagradável”.

A notícia espalhada em vários grupos de Whatsapp é de que a empresa fechará as portas de vez, com a demissão, por consequência de mais de 400 funcionários.

A informação não foi confirmada oficialmente, mas após especulações, o diretor da Fábrica da Pedra, Luiz Anhanguera Lessa, segundo o Radar89, se pronunciou nas redes sociais e adiantou que situação da empresa será definida nesta segunda-feira, 23.

Anhanguera avaliou a situação em mensagem no grupo de Whatsapp do Radar89:

“A situação é grave, tentamos segurar ao máximo aguardando alguma definição para liberação dos recursos necessários para reabertura da fábrica, infelizmente até agora não obtivemos êxito, muita promessa e o tempo passando e o dinheiro não sai. Está no limite, é insustentável segurar hoje 420 funcionários sem receita, segunda-feira, tenho uma reunião e alguma decisão será tomada. Vamos aguardar até segunda e terça-feira, darei um posicionamento oficial”, disse.

Se segunda-feira for decretado, o que afirmam nas especulações, preparem-se, pois, um caos será instalado na cidade. Serão 420 pais de famílias desempregados, com dívidas e muitos planos interrompidos.

Impasse continua

A diretoria do Grupo Carlos Lyra, controlador da Fábrica da Pedra, trabalha na captação de novos recursos, através de financiamento bancário, desde março de 2016. A operação, que seria feita com bancos internacionais ainda não foi fechada.

A decisão oficial do grupo, até o final de 2016, era de retomar a operação na Fábrica da Pedra, a partir de um novo modelo – baseado na confecção de lençóis e na venda direta, porta a porta. Esse novo modelo, no entanto, depende de novos investimentos. O grupo, que também enfrenta dificuldades nas suas operações no setor sucroalcooleiro, não conseguiu assegurar os investimentos.

Com a desativação da fábrica, as dificuldades da empresas vem aumentando a cada mês. Sem produção e com despesas crescendo, mês a pós mês, o fechamento da indústria – ainda que temporário – é uma possibilidade pra lá de real.

O agravamento da crise na indústria pode mobilizar líderes políticos do estado. O governador Renan Filho (PMDB) se comprometeu a ajudar no que for possível e chegou a declarar que a indústria não fecharia. Outros políticos, como deputado federal Givaldo Carimbão também trabalharam para ajudar na reabertura da fábrica.

O destino da empresa e dos 420 trabalhadores que ainda restam por lá está, no momento, cercado de incertezas. O mais provável agora é que a empresa desligue um número maior de funcionários até que consiga captar os recursos necessários para a retomada da operação. É isso ou o fechamento em definitivo.

Jornal de Alagoas

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