Outro dia escutei a seguinte frase: “2016 está bom de acabar, já deu o que tinha que dar”! Essa frase continha algum tipo de inquietação que a mim não caberá decifrar jamais, até porque a subjetividade alheia é território santo e eu não fui convidado a retirar as sandálias e adentrar.
A inquietação teimava em não me abandonar. Pus-me então a refletir. Gostaria que você, ao ler essas linhas, pudesse, comigo, trilhar o mesmo caminho. Ora, 2016 ainda não acabou. Faltam alguns dias. Poucos, porém, significativos. Forçar a ampulheta do tempo e querer ser o seu senhor, é presunção desmedida, infantil e imaginária, como se o tempo pudesse ser manipulado tal qual relógio de cordas ou cronômetro pronto para parar e recomeçar a contagem. Ledo engano!
A frase que introduz esse texto, de certo, ecoou de lábios que tinham motivos para proferi-la. No entanto, não deixa de ser paradoxal e contraditória. Será que 2016 já deu o que tinha que dar mesmo? Até dia 31/12 não há possibilidades de a vida nos oferecer algo mais. E aquela ligação que estamos esperando, aquele abraço que confraterniza, que pede e recebe o perdão, aquela sensação nostálgica que faz lembrar tanta gente, tantas histórias a serem contadas ao redor da mesa. No jogo da vida também há possibilidades de surpresas até aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, não acha?