Por Magno Martins
Felizes, os sertanejos de todos os recantos nos mandam imagens da transformação repentina da caatinga provocada pelas chuvas. As fotos acima, enviadas novamente ao companheiro Adriano Roberto, que divide comigo a bancada do Frente a Frente, vem de terras paraibanas, precisamente do sítio Arruda, em Paulista, coração do semiárido. Ali, o sertanejo não caminha mais olhando para o céu, esperando que o azul caia no chão.
Já caiu como gotas de orvalho nas folhas secas que ganharam vida e esplendor. O verde que se espalha deixou lindo o meu Sertão. Dos açudes, temos água. Das árvores, frutas. Da terra, feijão e milho para matar a fome. Verde, o Sertão contraria os escritos de Guimarães Rosa, que disse que Sertão quem sabe dele é urubu, gavião e gaivota, pássaros que estão sempre no alto, apalpando ares com pendurado pé, com o olhar remedindo a alegria e as misérias todas.
Sertão verde e de rios cheios é colírio para os meus olhos, sempre pronto alimentar a minha alma. Queria estar lá, ouvindo a chuva cair e bater no telhado, molhar a terra tão sedenta, trazendo alegria e esperança. Chuva alegra a vida do matuto, renova até o amor, reveste nossa alma do mais puro frescor.
A água da chuva é doce, cai do céu embalando novos e antigos sonhos, renovando doces lembranças. O renascimento do sítio Arruda me remete às lembranças de Biu Gomes, um poeta popular, que fez um casamento telúrico e indissolúvel com a mãe natureza e o canto do Sabiá no Sertão
“O sabiá do sertão/ faz coisa que me comove/ passa três meses cantando/ e sem cantar passa nove/ como que se preparando, pra só cantar quando chove!
Certamente, o sabiá deve estar rouco de tanto cantar!
Do Blog do Magno