Mergulhadores encontraram até restos de veículos sob as águas (Foto: Arquivo Pessoal/Luiz Netto)
Expedição na antiga cidade submersa de Itacuruba durou 15 dias (Foto: Arquivo Pessoal/Luiz Netto)
O grupo de mergulhadores liderado pelo fotógrafo encontrou mais de dez casas. Embarcações, veículos e o antigo clube foram redescobertos após quase 30 anos. Alguns dos imóveis, segundo o fotógrafo, estão em bom estado de conservação. "Tem, provavelmente, uma escola, pelo número de cômodos, e também um açougue. Muitas casas estão com paredes inteiras e até com telhados, coisa difícil de encontrar aqui no São Francisco", disse.
No início da expedição foram encontradas ruínas de construções da zona rural, mas a equipe teve dificuldades para achar o centro da cidade. "Foi com a ajuda de um antigo morador da cidade inundada que encontramos o Centro. Ele [o morador] foi melhor que GPS; ele botou a gente no centro histórico. Quando colocamos o sonar, descobrimos que era ali mesmo o local exato do centro", afirmou o fotógrafo. Os escombros estão a mais de nove metros de profundidade.
Para sair da antiga cidade, os moradores tiveram autorização para levar materiais que poderiam ser reutilizados na nova cidade. Tijolos e pedaços de telha prontos para serem transportados foram encontrados submersos. O que mais chamou a atenção dos moradores que viveram na cidade - antes dela ser tomada pela água - foi a descoberta do antigo clube onde eles dançavam. Era o local que mais pediam para a equipe encontrar.
A retirada dos moradores da antiga cidade foi feita pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco para a construção da Barragem de Itaparica. Segundo a assessoria da Chesf, a distribuição dos lotes residenciais para o atual território onde está Itacuruba foi feito em meados de 1985. O processo de saída da antiga para a nova cidade durou quase três anos.
As famílias foram retiradas da antiga cidade para ser feita a inundação a partir da segunda quinzena de 1987, até março de 1988. Antes da inundação, a Companhia disse que foram cadastradas 1.250 famílias, das quais 533 eram da zona urbana e 717 da zona rural. A água foi liberada para o espaço onde era a antiga cidade em 1988.
Para que os moradores deixassem a antiga cidade, a Chesf disse que as famílias optaram por receber uma compensação financeira, renunciando aos benefícios do reassentamento rural. "Tal formalização foi realizada entre os anos de 1999 a 2002 e aquelas que estavam reassentadas nos Projetos Irrigados tiveram as Escrituras Públicas liberadas para entrega no mesmo período, havendo então o corte da VMT", conforme a assessoria.
A Companhia informou que algumas famílias não optaram pelo reassentamento, mas não informou quantas. Segundo a Chesf, as famílias "que não optaram por reassentamento em Projeto, formalizaram, entre os anos de 1999 a 2002, um Instrumento particular de Transação, a título de compensação financeira pela renúncia aos direitos resultantes do Programa de Reassentamento de Itaparica". Sobre os assentados da zona rural, a assessoria disse que a maioria está no perímetro irrigado.
A barragem de Itaparica tem capacidade de 10,7 bilhões de metros cúbicos. O reservatório se estende até o município de Belém do São Francisco, em Pernambuco, e ocupa uma área de aproximadamente 834.000.000 m2.
Kamylla Lima
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