terça-feira, dezembro 13, 2016

Petrolândia: O ano só acaba quando termina. A vida também; por Fernando Nivaldo Batista.


Outro dia escutei a seguinte frase: “2016 está bom de acabar, já deu o que tinha que dar”! Essa frase continha algum tipo de inquietação que a mim não caberá decifrar jamais, até porque a subjetividade alheia é território santo e eu não fui convidado a retirar as sandálias e adentrar.

A inquietação teimava em não me abandonar. Pus-me então a refletir. Gostaria que você, ao ler essas linhas, pudesse, comigo, trilhar o mesmo caminho. Ora, 2016 ainda não acabou. Faltam alguns dias. Poucos, porém, significativos. Forçar a ampulheta do tempo e querer ser o seu senhor, é presunção desmedida, infantil e imaginária, como se o tempo pudesse ser manipulado tal qual relógio de cordas ou cronômetro pronto para parar e recomeçar a contagem. Ledo engano!

A frase que introduz esse texto, de certo, ecoou de lábios que tinham motivos para proferi-la. No entanto, não deixa de ser paradoxal e contraditória. Será que 2016 já deu o que tinha que dar mesmo? Até dia 31/12 não há possibilidades de a vida nos oferecer algo mais. E aquela ligação que estamos esperando, aquele abraço que confraterniza, que pede e recebe o perdão, aquela sensação nostálgica que faz lembrar tanta gente, tantas histórias a serem contadas ao redor da mesa. No jogo da vida também há possibilidades de surpresas até aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, não acha?


Quanta vida pulsando em nós! Não permita, não SE permita acabar antes do fim. Ainda há presentes a serem desembrulhados, ainda falta forrar a toalha branca e receber os convivas. No entanto, para muitos, esse foi um ano difícil. A ceia que deveria ser degustativa terá o amargo da saudade. O palato experimenta o fel de perdas e danos irreparáveis. Quem durante anos sorria e confraternizava, partiu em silêncio. Outros descobriram doenças, outros partiram para terras longínquas sem saber quando voltar, outros, enfim, perderam e se perderam em um amor que um dia juraram seria eterno.

A ceia de Natal terá um lugar a menos, uma lâmpada a menos, um sorriso a menos, uma vida a menos. Mas nós ainda estamos aqui. Saiba de uma coisa: “A saudade eterniza a presença de quem se foi”. Creia nisto. Digo mais: “Dê valor às pessoas enquanto elas estão por perto. Saudade não será suficiente para que elas voltem”.

Sabe aquele ditado latino “Carpe Diem”? Pois é, aproveite o dia, aproveite ao máximo o agora, aprecie o presente. “Carpe diem, quam minimum credula postero,”( Aproveitar ao máximo o agora, apreciar o presente. Horácio, 65 a.C. Livro I de “Odes”). Está esperando o que? 2016 ainda pode nos surpreender, positiva ou negativamente, mas esteja preparado vivendo o hoje. O ontem já nos fugiu das mãos, o amanhã ainda não chegou.

Lembro uma frase de um escritor norte-americano que foi usada no filme “ A Sociedade dos poetas mortos”, para incentivar os alunos a aproveitarem a vida e buscar a felicidade. “Fui para os bosques viver de livre vontade. Para sugar todo o tutano da vida. Para aniquilar tudo o que não era vida e para quando morrer não descobrir que não vivi”. (Henry David Thoreau). Quer mais Carpe diem do que isso? Quer mais razão, mais vida do que isso? Um autor desconhecido fala assim: “A vida é uma delícia, a gente é quem vive de dieta.” Pare de reclamar, vá se fartar de vida criatura! Se delicie com o calor do sol batendo no teu rosto, com tempo dedicado a tua família, sorria ao ver seu filho lambuzado de satisfação e sobremesa.

Enfim, o ano só acaba quando termina. A vida também. 2016 ainda não deu o que tinha que dar. Ainda há tempo da gente celebrar o específico de cada motivo. E lembre-se de que a ampulheta do tempo muda a cada virada e nela somos o aquele fino grão de areia que atravessa sem pressa a passagem entre o efêmero e o eterno.

BOAS FESTAS E UM VOTO DE VIDA ABUNDANTE A TODOS.

Autor: Fernando Nivaldo Batista

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