Competições de vaquejada são tradicionais em todo o Nordeste
A vaquejada é uma tradição cultural nordestina na qual um boi é solto em uma pista e dois vaqueiros montados a cavalo tentam derrubá-lo dentro de uma área estabelecida e marcada por cal. Segundo as regras do esporte, a derrubada só é considerada válida se o boi cair, ficar com as 4 patas para cima e se estiver na área delimitada. Dependendo do local da queda, pontos são somados ou não a dupla.
Na semana passada, o STF derrubou uma lei no Ceará que legalizava a prática. Os ministros consideraram que a atividade é inconstitucional e que impõe sofrimento ao animal.
A Associação Brasileira de Vaquejada (ABVQ), por sua vez, argumenta que a decisão do STF "não acompanhou a evolução e adaptação do esporte", que já não causaria mais sofrimentos ao animal. Eles também defendem os empregos que a modalidade gera.
O regulamento de bem-estar animal da ABVQ prevê que cavalos e gados que participam das competições não passem fome nem sede, que tenham situações de estresse, medo e ansiedade minimizadas e que tenham áreas adequadas para descanso, por exemplo.
Alguns estados firmam ainda termos com os Ministérios Públicos e regulamentam outras ações, como a proibição do uso de luvas com pregos, parafusos ou objetos cortantes; a proibição de bater no animal, de dar choque, usar esporas ou chicotes, entre outras práticas.
Veja como estão os protestos em cada estado:
Alagoas
Vaqueiros de municípios alagoanos saíram as ruas de Maceió nesta terça para protestar contra a proibição da vaquejada. Um grupo a cavalo saiu do Dique Estrada, no Vergel, em direção ao Palácio República dos Palmares, no Centro.
No interior, manifestantes também contrários a proibição interditaram a rodovia BR-423, no quilômetro 40. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de 100 manifestantes que protestam.
Bahia
Em Feira de Santana, a 100 km de Salvador, o grupo pretende sair em carreata pela BR-116 Sul, uma das principais rodovias do estado, e percorrer ruas até o Parque de Exposições, na BR-324.
O presidente da Associação de Vaquejadas da Bahia, Valmir Velozo, diz que o grupo está preocupado com a possibilidade de proibição da prática no estado, após a decisão do Supremo no Ceará. "Muita gente depende desses eventos no estado e no Brasil. No Brasil, são 720 mil empregos. São 120 mil diretos e 600 mil indiretos", avalia.
Ceará
Vaqueiros e apoiadores da vaquejada realizam um protesto na manhã desta terça-feira em frente ao Clube do Vaqueiro, no Quarto Anel Viário, no Eusébio. O grupo seguiu em um comboio de caminhões pela BR-116. A estimativa dos organizadores é que o ato reuniu aproximadamente 80 caminhões. A organização não estimou quantas pessoas participam do protesto. A Polícia Militar informou que não divulga número de participantes em protestos.
Distrito Federal
Vaqueiros e criadores de gado do Distrito Federal levaram cavalos à Esplanada dos Ministérios nesta terça contra a proibição da prática. Segundo os organizadores, são cerca de 300 pessoas no ato. A PM estima em 40. Os vaqueiros que participaram do protesto estimam que 700 mil pessoas, que trabalham direta e indiretamente com o esporte, sejam afetadas pela proibição do Supremo.
Maranhão
Vaqueiros fizeram uma manifestação em São Luis em frente à sede da Assembleia Legislativa do Maranhão, na Avenida Jerônimo de Albuquerque. Eles são contra a decisão do STF que proibiu a vaquejada no Ceará. O ato público foi para pressionar os parlamentares maranhenses a se manifestarem nesta discussão e legalizarem a vaquejada.
Pará
Cerca de 50 pessoas interditam parcialmente a BR-316, na altura do km 10, desde as 10h20 desta terça, em Ananindeua, na região metropolitana de Belém. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, trata-se de boiadeiros que protestam contra a decisão do STF que proibiu a prática de vaquejada. Ainda não há informações sobre a liberação da rodovia.
Paraíba
Na Paraíba, há manifestações a favor da vaquejada na capital, João Pessoa, e em Campina Grande. Segundo a organização, mais de 300 cavalos e mais de 500 pessoas estão participando do ato em João Pessoa. Em Campina Grande, a organização estima 400 pessoas e 150 cavalos. A PM não acompanha os atos nas duas cidades.
Pernambuco
Vaqueiros que atuam em Pernambuco estão ocupando, na manhã desta terça, o Jockey Club do Recife. O grupo protesta contra a proibição da vaquejada.
Em Caruaru, no Agreste pernambucano, um grupo de manifestantes deve percorrer as BRs 232 e 104 em protesto pela vaquejada.
Em Petrolina, vaqueiros fizeram uma manifestação na ponte Eurico Gaspar Dutra, que liga as cidades de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, a Juazeiro, na Bahia. O trânsito da BR-407 ficou interditado nos dois sentidos. Da ponte, os vaqueiros seguiram em cavalgada para a Prefeitura de Petrolina, Zona Central da cidade, onde continuaram o protesto.
Piauí
Em Teresina, cerca de 600 manifestantes, segundo a organização, se reúnem na Avenida Marechal Castelo Branco, Zona Norte da capital, para protestar pela legalização da vaquejada. A PM não informou o número de participantes. Em todo o Piauí, são aproximadamente 100 mil vaqueiros.
Rio Grande do Norte
Em Natal, um grupo de manifestantes protesta contra a proibição da vaquejada em frente à Assembleia Legislativa. O ato é organizado pela Associação dos Vaqueiros Amadores do Rio Grande do Norte (Assovarn) e tem o apoio de outros segmentos ligados ao homem do campo.
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