quinta-feira, outubro 27, 2016

Pesquisa da FGV indica que policiais civis trabalham em condições precárias, evidenciando o sucateamento da corporação no Brasil

Levantamento mostra também quais são as percepções dos policiais sobre o trabalho e as dificuldades que enfrentam no dia a dia 

Uma pesquisa on-line da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP) com 305 policiais civis em diferentes níveis de carreira e de diversas partes do Brasil traz uma análise das condições de trabalho e das percepções positivas e negativas que têm sobre a profissão.

A conclusão do estudo “O herói envergonhado: tensões e contradições no cotidiano do trabalho policial”, de autoria do professor da FGV/EAESP Rafael Alcadipani da Silveira e da professora da UFU (Universidade de Uberlândia), evidencia que há uma diferença entre as expectativas antes de entrar e fazer parte da corporação e durante a carreira policial.

Os policiais atribuem ao trabalho o significado de heroísmo, dignidade e honra, mas, ao mesmo tempo, sentem-se envergonhados, pois trabalhar como policial é viver com medo, em perigo e colocar-se em risco. Eles dizem ainda que são reconhecidos pelo que fazem, mas não por gestores públicos (por interesses escusos), pela sociedade (não vê a polícia com bons olhos), pela legislação (beneficia mais o bandido) e pela imprensa (desrespeita quem põe a própria vida em risco). Sentem-se também parte de uma família unida, no entanto, percebem o ambiente de trabalho como hostil, tenso, hipócrita, cheio de inseguranças e riscos. Além disso, sentem que fazem o papel de “lixeiro social”, enxugando o gelo, vivendo de ilusão e sentindo-se ludibriados por seus empregadores.

Insight Comunicação - FGV/EAESP

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