O grupo é um dos 138 beneficiários em Sergipe dos kits familiares de irrigação, tecnologia social de baixo custo que ajuda a superar efeitos da estiagem (Foto: Arquivo Pessoal/ Ana Luíza e Débora Santana)
Em meio à seca prolongada que castiga o Nordeste do país, um grupo de agricultores familiares do baixo São Francisco sergipano supera seus efeitos produzindo leguminosas orgânicas e comercializando para uma rede de consumidores “agroecológicos” por whatsapp. A Associação de Produtores Orgânicos de Ponta de Areia (Apop), do município de Pacatuba, foi uma das 138 beneficiadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) com a implantação de kits familiares de irrigação, uma tecnologia de convivência com a seca de baixo custo e alto retorno social: os investimentos em Sergipe, até 2015, totalizaram cerca de R$ 80 mil.
“Com o kit, produzimos com economia de água e menos esforço. Ele praticamente irriga sozinho. Sem ele, eu passaria pelo menos três horas regando à mão”, afirma Ana Luíza Santana, uma das integrantes da APOP, que mora com a mãe e a irmã no município. Ela destaca que antes da implantação dos equipamentos precisava retirar a água do poço e irrigava a horta com regadores, o que gerava grande desperdício de água e tomava muito tempo. Implantado, o kit puxa a água do poço artesiano e a conduz até os cultivos.
A iniciativa é uma ação conjunta dos programas do Governo Federal voltados para a universalização do acesso a água em comunidades rurais difusas e para a inclusão produtiva de famílias rurais em situação de pobreza. Os recursos são provenientes da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI). Em Sergipe, famílias de produtores de 11 municípios são beneficiadas.
Rede de consumidores
A Associação de Produtores Orgânicos de Ponta de Areia é formada por jovens produtores ex-alunos do Projeto Amanhã, iniciativa social da Codevasf voltada para a juventude rural. A entidade conta atualmente com 10 agricultores que cultivam hortaliças em sistemas agroecológicos - milho, macaxeira, batata, tomate e ervas são alguns itens do cardápio de produção.
Segundo Ana Luíza, os integrantes da APOP atualmente participam de um projeto chamado “Rede de Produtores Orgânicos”, por meio do qual recebem sementes e auxílio para comercialização dos produtos orgânicos. Ela conta que eles criaram uma rede de consumidores de produtos agroecológicos e, com o uso das novas tecnologias, estão vendendo para compradores de Pacatuba e da capital Aracaju.
“Toda segunda-feira a gente envia por whatsapp a lista de produtos da semana, junto com os preços, para as pessoas escolherem e fazerem os pedidos”, explica a produtora. Sua irmã, Débora, também integrante da rede, destaca que, graças às vendas realizadas pelo aplicativo, elas estão conquistando novos clientes.
“Para entrar no grupo, basta ser adicionado por um dos participantes”, ensina ela, que já participou de diversos cursos do Projeto Amanhã, como o de produção de mudas e o de produção orgânica. “A Codevasf sempre nos ajudou com assistência técnica e cursos profissionalizantes”, ressalta.
Hortaliças orgânicas
No município de Canindé de São Francisco, assentamento Canadá, o agricultor Pedro Barros da Silva também está trabalhando com a produção de hortaliças orgânicas. Com o auxílio do kit familiar de irrigação, ele produz couve, salsa, abobrinha e rúcula. O produtor conta que agora irriga a pequena horta com muito menor esforço e tempo.
“A gente enche a caixa d'água e conecta o irrigador, facilita bastante. Eu instalei o kit no quintal de casa. Vendo a produção para um supermercado local, para feiras livres e para um grupo de mulheres sob encomenda; não uso veneno pra nada”, revela o agricultor, que cuida da horta com a esposa e com as quatro filhas.
“Esses kits de irrigação atendem ao produtor diretamente em sua residência com o uso de pouca água e utilizando tecnologia de baixo custo, dando rápido retorno ao agricultor. O fornecimento dos equipamentos tem estimulado a horticultura familiar agroecológica, ajudando a transformar a realidade das famílias de baixa renda que vivem na zona rural”, revela o chefe da Unidade de Desenvolvimento Territorial da Codevasf em Sergipe, Thompson Ribeiro.
Codevasf
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