Ex-alunos da USP, Diego Lencione, Flavio Vieira e José Augusto Stuchi desenvolveram um equipamento que reduz os custos de um exame de retina (Foto: USP/Divulgação)
O produto, no entanto, ainda precisa passar por testes clínicos e a expectativa dos pesquisadores é que todas as etapas para a comercialização no mercado ocorra até o primeiro semestre de 2018.
Integrante da equipe, o físico Diego Lencione explicou que o aparelho consiste em um conjunto ótico e eletrônico que, acoplado a um smartphone de boa qualidade, permite obter imagens de alta resolução do fundo do olho. Ele garante que a qualidade é tão boa quanto a captura tradicional, feita por meio de equipamentos mais complexos e que estão disponíveis apenas em clínicas especializadas de oftalmologia.
A vantagem, segundo o pesquisador, é que o procedimento com a miniatura do retinógrafo não precisa ser feito por um profissional especializado e tem um custo “dez vezes menor do que o convencional”.
Na avaliação de Lencione, isso facilita, principalmente, a vida de moradores de comunidades carentes que vivem distante dos grandes centros urbanos e não contam com clínicas especializadas.
“O resultado das imagens pode ser enviado para a avaliação de um atendimento de excelência em oftalmologia e com isso se obtém um laudo remoto de alto nível técnico”, explicou.
Diagnóstico precoce
Segundo um dos inventores do SRC, o diagnóstico precoce pode ajudar a prevenir doenças mais sérias. “Fazer a triagem de pessoas com problemas de retina e encaminhá-las o quanto antes para tratamento pode-se evitar danos mais sérios no futuro”, defendeu.
Ele citou dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que apontam que 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados por meio de métodos de prevenção e tratamento.
Segundo o pesquisador José Augusto Stuchi, também autors do projeto, apesar de existirem mais de 6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual no Brasil, a maioria das cidades (85%) não conta com oftalmologistas.
Além da facilidade de transporte do aparelho para uso em campanhas de saúde em lugares distantes, onde não há retinógrafos, o tamanho reduzido também pode ser útil no atendimento a crianças, acrescentou Stuchi que é graduado em Engenharia da Computação. Ele disse que as crianças costumam ter mais dificuldade em se posicionar corretamente com a testa, queixo e cabeça em frente ao aparelho convencional.
“Diagnosticar desde cedo uma doença possibilita que você previna e trate o paciente para que ele não fique cego. Por ano, 500 mil crianças perdem a visão no mundo e 80% de todos os casos de cegueira do planeta são evitáveis”, enfatiza o pesquisador.
Ele foi o apresentador da inovação no concurso brasileiro e deve representar o Brasil na competição mundial.
Motivador
Stuchi contou que o projeto surgiu há dois anos. Além dele e do físico Diego Lencione, também participou do projeto o eletricista Flavio Vieira. Os três são ex-estudantes da Universidade de São Paulo (USP). O interesse em desenvolver esse tipo de equipamento surgiu a partir do irmão de Diego que tem problemas de visão causados por deslocamento de retina.
Para desenvolver o produto, eles fundaram a startup Phelcom, em março deste ano, e contaram ainda com o financiamento do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Agência Brasil
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