O jovem fazia a cobertura da remoção da Favelinha Skol
A denúncia da prisão foi feita ao vivo na página do Facebook de outro comunicador popular da comunidade, Raull Santiago, do Coletivo Papo Reto, que também acompanhava a remoção. Procuradas, as polícias Civil e Militar ainda não comentaram a prisão dos jovens.
Presidente da organização não governamental Voz das Comunidades, Rene é um dos 30 jovens, com até 30 anos de idade, escolhidos pela Revista Forbes Brasil como “exemplo de um time que está reiventando um país”.
De acordo com a advogada Eloisa Samy, que esteve na delegacia para representar os jovens, eles foram acusados de desobediência e serão liberados após prestar depoimento. No entanto, na avaliação dela, houve violação à liberdade de imprensa e censura nas prisões. “Isso que eu pedi para eles enfatizarem nos depoimentos: deixar claro que atuavam como imprensa”.
No vídeo divulgado nas redes sociais sobre o momento da abordagem policial, os jovens estavam filmando e narrando a remoção, contando sobre a situação dos moradores da favelinha, quando a PM se aproximou e pediu que eles saíssem. O pedido foi recusado. Não há cenas da prisão.
A PM, segundo os jovens, também ordenou que desligassem os equipamentos, para que a remoção não fosse registrada. “Um dos policiais arrancou o celular da minha mão e eu fui atrás, nesse momento ele me deu voz de prisão por estar desobedecendo ordem. Nisso, fui algemado e levado para a delegacia. Ainda no carro, pediram meu celular novamente, que já estava com eles”, disse Rene Silva, ao Jornal Voz das Comunidades, após ser liberado.
Os comunicadores comunitários de favelas do Rio de Janeiro vêm denunciando censura e ameaças à liberdade de imprensa e expressão por agentes do Estado, policiais ou não, e do tráfico de drogas. No mais recente relatório do Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro, de outubro de 2015, constam relatos de ameaças, revistas e até a necessidade de se mudar de casa.
No dossiê, a comunicadora comunitária e coordenadora do jornal comunitário que circula há 16 anos no Complexo da Maré, O Cidadão, Thaís Cavalcante, revela que fazer comunicação dentro das favelas é um desafio e pode acabar colocando a própria vida em risco. “A comunicação que, dentro da favela, é mais delicada do que a que temos em outros lugares. Além de jornalistas, somos moradores. O cuidado é redobrado e tudo nos envolve emocionalmente também”.
Em abril deste ano no Rio, para um encontro entre jovens comunicadores de favelas, Enderson Araújo, do Mídia Periférica, da favela Sussuarana, de Salvador, ex-integrante do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação, denunciou ter sido intimidado pela PM, no Alemão. Três policiais portando fuzil revistaram e interrogaram Enderson. À época, notas de repúdio foram publicadas por organizações de defesa dos direitos humanos e de liberdade de imprensa e expressão.
Agência Brasil
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