Foto: Alessandro Dantas/Liderança do PT
Priorizado como nunca nos governos Lula e Dilma, o Nordeste voltou a ser tratado, na avaliação do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), como o patinho feio da Federação e assumiu papel secundário na gestão “golpista” do presidente Michel Temer (PMDB).
Em discurso na tribuna nesta terça-feira (20), o senador ressaltou que os estados da região, principalmente Pernambuco, não foram contemplados pelas políticas fiscais e de infraestrutura do novo governo e sofreram cortes bilionários de importantes obras que estavam previstas anteriormente – tudo com o apoio dos quatro ministros pernambucanos que ocupam a Esplanada.
São eles: Bruno Araújo (PSDB), das Cidades; Mendonça Filho (DEM), da Educação; Raul Jungmann (PPS), da Defesa; e Fernando Bezerra Filho (PSB), de Minas e Energia. Segundo Humberto, Pernambuco é uma das unidades que mais sofreu com o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), lançado pela equipe de Temer esta semana e “totalmente desfavorável e discriminatório” contra o Estado.
O parlamentar ressaltou que vários projetos anunciados por Dilma, como o Arco Metropolitano, as obras nas BRs 101 e 232 e melhorias em Suape, que teriam investimentos de mais R$ 6,6 bilhões, foram sumariamente descartados, assim como a prorrogação de contratos de arrendamento ligados a portos públicos, cujo reembolso renderia ao Estado algo em torno de R$ 10,8 bilhões.
“Pernambuco teria concessões para dois terminais de contêineres e dois terminais de granéis minerais. De nove aeroportos que teriam investimento no nosso Estado, a tesourada de Temer levou sete, cortando R$ 180 milhões em recursos para ampliação de unidades regionais”, lembrou.
O líder do PT observou que, na administração Dilma, Pernambuco dispunha de tratamento igualitário por parte do governo federal. “Agora, vemos esses quatro senhores do golpe representantes do Estado assistirem, impávidos, ao desmonte das políticas de redução de desigualdades que eram a tônica dos governos do PT”, lembrou.
Pior do que isso, segundo Humberto, é ver os ministros pernambucanos – que já ganharam apelidos curiosos pela atuação considerada "pífia" à frente das pastas, como o “mãos de tesoura” atribuído a Mendonça – não darem uma palavra e ainda aplaudirem efusivamente as ações maléficas adotadas pelo governo "ilegítimo" ao qual pertencem.
“A guilhotinada nos investimentos que estavam previstos para Pernambuco acontece nas barbas dos quatro que, por aderirem ao golpe, foram aquinhoados com pastas importantes e para quais, está provado no dia-a-dia, não estavam preparados”, registrou.
O líder do PT também questionou a posição do PSB-PE, que, de acordo com os jornais locais, agora começa a bater forte em Temer, “querendo se livrar dele como o diabo da cruz”. O partido foi favorável ao impeachment de Dilma e indicou o ministro das Minas e Energia para o cargo.
“Agora, acusam Temer de ser discriminatório e preconceituoso. Parece que já perceberam, em tão pouco tempo de aliança, que mesmo sendo adesistas, são nordestinos. E nordestino não é prioridade desse temerário governo. Mas o que eu quero lhes dizer é o seguinte: quem pariu Mateus, que o embale. Vocês são responsáveis por isso que está aí”, disparou.
Humberto encerrou o discurso ironizando os quatro ministros pernambucanos, aos quais deu parabéns por constatar que, como “apoiadores do golpe contra a democracia, eles também têm apoiado um golpe contra o próprio Estado”.
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