“Não tem nada a ver com o jogo. Nenhuma das crianças tinha esse jogo. E nenhum deles nem ao menos tinha celular", afirmou pai da criança de 5 anos, que sobreviveu ao acidente.
Fenômeno mundial desde o lançamento em julho, "Pokémon Go" é um game gratuito para smartphones em que os jogadores precisam andar pelas ruas de sua cidade para encontrar as criaturas a serem capturadas. Com a função GPS, os jogadores são avisados se há alguma criatura nas proximidades.
De acordo as informações da Brigada Militar do Rio Grande do Sul repassadas à Polícia Civil, por volta das 15h Arthur e o amigo foram até um terreno baldio próximo à casa de um deles para pegar um barco de fibra usado por pescadores da região.
Eles chegaram a entrar no rio Tramandaí com o barco, que virou perto da margem. Os garotos caíram na água e um deles desapareceu. Ainda de acordo com a polícia, relatos iniciais apontam que os dois não estavam acompanhados de nenhum adulto.
As buscas por Arthur começaram ainda na tarde desta segunda, mas foram suspensas no início da noite. O corpo foi encontrado por volta das 20h por funcionários da Transpetro que auxiliaram nas buscas.
O amigo que estava com Artur relatou à Brigada Militar que os dois tinham tentado entrar no rio para caçar pokémons. O caso foi encaminhado à Delegacia de Pronto Atendimento de Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, e a investigação será conduzida pela Polícia Civil de Imbé.
Versão da família e nota de desmentido da polícia
O menino Arthur Bobsin, de 9 anos, não estava com um celular quando se afogou. Inicialmente, segundo o registro feito na Delegacia de Pronto Atendimento de Tramandaí, a criança estaria jogando Pokémon Go. Mas segundo Márcio Azzi, pai do menino João Pedro, de 5 anos, que estava no barco com Arthur, as crianças nem mesmo tinham um telefone celular.
“Não tem nada a ver com o jogo. Nenhuma das crianças tinha esse jogo. E nenhum deles nem ao menos tinha celular. Em um momento difícil não cabe a ninguém ficar inventando histórias”, escreveu o pai num desabafo no Facebook
Os dois meninos estavam brincando na beira do rio quando pegaram um barco. Por volta das 15h30 as crianças entraram na água e desapareceram. O menino mais novo conseguiu se salvar, mas Arthur se afogou. Os bombeiros foram acionados e, após as buscas localizaram o corpo dele. O menino será enterrado às 16h no cemitério da cidade com homenagens dos escoteiros, já que o menino integrava o grupo.
Pais estão em estado de choque
Amiga da família, a esteticista Márcia Medeiros, informou que os pais estão em estado de choque com o que aconteceu. Ela também confirmou que a criança nem tinha aparelho de celular.
- Ele estava brincando com o João Pedro e nenhuma dessas crianças têm celular. Ele não era um guri tecnológico ele lia, brincava de taco na beira de casa, fazia artesanato. Eles foram passear de barco por inocência. O João pedro conseguiu nadar porque mora na região há mais tempo, mas o Arthur não conseguiu sair - explicou.
Ainda segundo a amiga da família, a mãe de Arthur mora no local há apenas quatro meses com outra filha e o segundo marido. Muito abalados, os pais do menino estão sedados.
- Perder um filho já é uma tragédia e a cidade inteira está chamando os pais de irresponsáveis, mas as crianças nem tinham celular. Aquela é uma área particular que deveria estar fechada e temos que cobrar das autoridades. É triste porque a gente vira os olhos e os meninos somem - disse.
Polícia Civil divulga nota e nega que menino tivesse celular
No início da tarde, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul divulgou uma nota sobre o caso, ressaltando que o menino não estava jogando e nem mesmo tinha celular. Segundo a corporação, boatos em redes sociais que foram divulgados por meios de comunicação do estado ajudaram a criar tal versão que acabou entrando no registro de ocorrência do caso.
"No dia 08/8/2016, por voltas 15h, na Rua Torres, Bairro Courhasa, em Imbé, Artur e João Pedro, ambos de 9 anos de idade, brincavam na rua e foram até as margens do Rio Tramandaí, nas proximidades, onde embarcaram em dois caícos. Artur não sabia nadar e afogou-se. Tal versão foi colhida junto a João Pedro, na presença de seus pais. Contudo, nas redes sociais e nos meios de comunicação, foi amplamente noticiado que as crianças jogavam o game “Pokémon Go” e entraram no rio para caçar “pokémons”. Inclusive, tal informação constou no histórico da ocorrência de falecimento, registrada pela Brigada Militar. A mãe de Artur negou que o filho possuísse telefone. E João Pedro negou que estivessem jogando o referido aplicativo em seu smartphone. Tal smartphone, da marca Alcatel, modelo “One Touch Pixi”, no qual não está instalado o aplicativo, foi arrecadado pela autoridade policial e será submetido à perícia. Não haverá responsabilização criminal, adianta o Delegado Ractz. A Polícia Civil instaurou inquérito policial para esclarecer os fatos".
G1 RS e Extra
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