Pela primeira vez na história política da cidade, uma chapa majoritária é formada só por mulheres. Adriana Araújo, candidata a prefeita, e Vilma Costureira, candidata a vice.
Os pronunciamentos foram unânimes em afirmar que a Frente Popular fará uma campanha séria, como a comunidade petrolandense merece, ''sem muitos recursos, mas com muita vontade, alegria e participação popular e em busca do bem comum''.
Também houve espaço para críticas à conjutura política do município, e ao grupo político que administra o município há aproximadamente vinte anos. Foi o que afirmou, por exemplo, Daniel Filho, candidato a vereador;
"Petrolândia não aguenta mais ser governada por meia dúzia de famílias que fazem da nossa cidade um quintal de lazer, e dane-se para a gente. Mudança só a Frente Popular de Petrolândia, porque a gente fez e faz história. Por muito tempo eu acreditei que esse governo pecava e abandonava a nossa cidade por incompetência, mas eu confesso que eu errei. Não é incompetência, é um plano de governo cruel, porque uma cidade que não se desenvolve é mais fácil dominar, é mais fácil de impor o medo e mais fácil de comprar e calar a voz povo'', disse.
A candidata a vice-prefeita Vilma Costureira fez um relato do seu histórico em Petrolândia, externou sua insatisfação com a atual administração e disse estar confiante na garra da militância.
''Nós vamos às casas das nossas amigas, do povo dessa cidade, nas agrovilas, na área rural e nós vamos ser vitoriosas. Aliás, nós já somos vitoriosas pela nossa coragem, pela nossa garra de enfrentar das oito da manhã às oito da noite, pedindo votos. E os que estão nos seus quartos e em suas salas climatizadas, não sabem nada de nossa luta''.
Ver fotos>Frente Frente Popular de Petrolândia inaugura comitê de campanha
O evento foi encerrado com o discurso da candidata a prefeita Adriana Araújo que fez um relato contendo diversos assuntos pertinentes ao município.
Agradecemos ao blogueiro George Novaes (Blog Gota d´Água) pela transcrição da íntegra do discurso, abaixo reproduzido.
Triste, porém simbólico fazermos a inauguração de nosso comitê um dia após o enfrentamento de mais de 13 horas da nossa presidenta Dilma, perante os machistas golpistas que não suportam a presença da mulher nos mesmos espaços de poder.
Dilma os enfrentou, com a mesma firmeza que enfrentou a ditadura, o câncer, enfrenta seus traidores: com uma bravura pessoal inacreditável, assim reconheceu um de seus atuais algozes.
O machismo tem raiz. Começa em nossos municípios, onde mulheres são usadas para “compor chapa”, “para atingir cota”. Onde as mulheres sofrem por suas escolhas de vida. Sofrem com o descaso. Sofrem a violência misógina cotidianamente.
Em meio a tantos retrocessos me orgulho de nossos partidos, movimentos, amigos e familiares em apoiar uma candidatura inédita. Pela primeira vez na história Petrolândia vai ter a oportunidade de votar em uma chapa majoritariamente feminina formada por mulheres que sentem as dores das nossas demais companheiras.
O evento foi encerrado com o discurso da candidata a prefeita Adriana Araújo que fez um relato contendo diversos assuntos pertinentes ao município.
Agradecemos ao blogueiro George Novaes (Blog Gota d´Água) pela transcrição da íntegra do discurso, abaixo reproduzido.
Triste, porém simbólico fazermos a inauguração de nosso comitê um dia após o enfrentamento de mais de 13 horas da nossa presidenta Dilma, perante os machistas golpistas que não suportam a presença da mulher nos mesmos espaços de poder.
Dilma os enfrentou, com a mesma firmeza que enfrentou a ditadura, o câncer, enfrenta seus traidores: com uma bravura pessoal inacreditável, assim reconheceu um de seus atuais algozes.
O machismo tem raiz. Começa em nossos municípios, onde mulheres são usadas para “compor chapa”, “para atingir cota”. Onde as mulheres sofrem por suas escolhas de vida. Sofrem com o descaso. Sofrem a violência misógina cotidianamente.
Em meio a tantos retrocessos me orgulho de nossos partidos, movimentos, amigos e familiares em apoiar uma candidatura inédita. Pela primeira vez na história Petrolândia vai ter a oportunidade de votar em uma chapa majoritariamente feminina formada por mulheres que sentem as dores das nossas demais companheiras.
Nossa população feminina sofre por não ter creches para seus filhos. Por precisar manter jornadas duplas, triplas, para poder pagar aluguel e garantir seu sustento. Por sofrer com a violência doméstica, sexual, física, moral. Por não poder optar pelo parto humanizado. Outras por não terem o direito, sem serem julgadas, de escolher outra mulher para amar e constituir família. Tantas mais julgadas por terem optado pela separação de um casamento que considera não lhe ser mais de companheirismo.
Sofre ainda por ter muito pouco a sonhar: pela falta de cursos técnicos, superiores, trabalho. Por muitas vezes ser obrigada a se submeter às piores humilhações, seja na fila de um hospital, numa delegacia, suas dores estão à mercê dos olhos e julgamentos machistas. Tanto dos homens quanto de algumas mulheres que não se solidarizam pela dor das suas iguais.
Nossa candidatura já sofre o preconceito e a perseguição.
Muitos reconhecem a qualidade de nossa trajetória e de nossos projetos, mas insistem em afirmar: “Adriana é boa, mas não tem chance, então não vou perder o voto!”, então, por achar que estão “perdendo o voto”, votam em homens que não se comprometem com nossa causa. Que não compreendem nossas dores.
Não por maldade. Pelo menos não todos. Mas porque lhes foi ensinado que existe “lugar de mulher” e, obviamente, para eles, o lugar da mulher não pode, jamais, ser na administração de uma prefeitura. Ou de uma presidência.
Mas, assim como nosso maior símbolo de perseguição e injustiça, nossa presidenta Dilma Rousseff, nós: eu, Vilma, nossas companheiras candidatas à vereança: Alzenir, Jucy, Neide, Marta, dona Dedé, nós resistimos. Nós resistiremos.
Resistimos a todo tipo de promessas e ofertas que não representavam em nada o que sonhamos todas e todos para Petrolândia. Resistimos quando disseram que nossa candidatura “era onda”. Resistimos com a falta de recursos para montar a campanha. Resistimos e resistiremos às mentiras que espalham aos quatro ventos que nós desistimos.
Aprendam: Mulher que foi forjada na luta não quebra. Não desiste. Não foge à luta. Estamos aqui, Petrolândia, firmes e fortes para apresentar as melhores propostas e a melhor forma de gestão.
Defendemos o orçamento participativo, por compreender que cabe às comunidades decidirem o que lhes é prioridade.
Criação da delegacia da mulher, para que não passemos por mais constrangimentos, além dos que já acompanham os atos de violência que sofremos;
Creches e implantação do programa “Mamãe Estuda”. Esse programa conta com creches abertas até 22:00 horas para que as nossas mães que desejam concluir os estudos ou mesmo continuar se aperfeiçoando, poderem ampliar seus conhecimentos com a tranquilidade de que seus filhos estão em boas mãos;
Empoderamento das mulheres para que se sintam, cada vez mais, á vontade para ampliarem sua participação na política e, assim, garantir mais representatividade feminina nas decisões dos rumos de nosso município;
Construção de instrumentos de fiscalização e punição contra a desigualdade salarial entre homens e mulheres;
Saúde preventiva e periódica das nossas mulheres campesinas, indígenas, quilombolas;
Apoio, empoderamento e autonomia à secretaria da mulher, assim como os coletivos feministas que já temos em nosso município: Frida, Dandaras, Crespas e cacheadas, Grêmios estudantis;
Garantias de políticas públicas voltadas ao público LGBT, assim como a volta do dia da parada do orgulho gay em nosso município. Importante atividade
para dar voz e vez às noss@s irmã@s que são excluíd@s e têm seus direitos básicos negad@s;
Trato da política com laicidade, respeitando e apoiando nossas rezadeiras, terreiros, centros, garantindo o direito individual da crença e não-crença;
Implantar a patrulha municipal Maria da Penha com a utilização de viaturas da guarda municipal na realização de visitas domiciliares de mulheres em situação de violência doméstica;
Manutenção e ampliação da casa de acolhimento provisório para mulheres em situação de risco;
Garantia de emprego pleno apoiando nossas artesãs e agricultoras familiares, além de rever plano de carreira de todas as nossas companheiras servidoras públicas municipais na saúde, educação, guarda.
Defendo e posso assumir esses e tantos outros compromissos porque sei na pele o que sofremos. Sou agricultora familiar. Dona de casa. Professora. Mãe de quatro filh@s. Sei o que precisamos, sei como nos representar. Mas preciso do voto de confiança de tod@s.
Somos metade da população e mãe da outra metade. Por que, então, não podemos decidir nosso destino quando temos a oportunidade única de fazer uma verdadeira revolução política em nossa cidade?
Por que entregar nossos destinos nas mãos de homens que nunca se comprometeram com nossas pautas e, se fizerem agora, farão em campanha?
Como diz um de nossos motes de campanha, eu sou dessas.
Dessas que acha que lugar de mulher é onde ela quiser, mas com a consciência que nossa participação plena no destino de nossos filh@s passam pela sensibilização e consciência de que precisamos chegar á administração de nossos serviços.
Mais mulheres na política se faz assim, como nós, incluindo verdadeiramente a mulher nos espaços de discussão por igual. Iguais nas diferenças. Mas a efetivação desse poder está nas mãos e consciência de cada um e cada uma de nós. Votar na única mulher na disputa. Na única opção que faz uso dos serviços públicos e, consequentemente, sabe de todas as deficiências e como saná-las. Na única opção que propõe sem atacar a moral pessoal de ninguém. Na única opção que teve e tem coragem de chamar todos os candidatos para um debate em espaços públicos e que, em todas as convocatórias, teve o silêncio como resposta.
Não me neguei ao desafio que me foi posto. Espero de coração, minhas irmãs, que vocês também não e que possam passar adiante essa mensagem.
Nosso lugar é onde quisermos estar e queremos decidir o destino de nossa cidade.
Blog de Assis Ramalho
Fotos: Assis Ramalho
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