Emanoele Freitas é presidente e fundadora da Associação de Apoio à Pessoa Autista (AAPA) (Foto: Divulgação)
Os maiores desafios para o aprendizado de uma pessoa com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) são a linguagem e a comunicação. Muitos pais encontram dificuldades e dúvidas sobre como ajudar seus filhos a superar o problema. Como mãe de autista, também passei por isso.
No meu caso, a orientação de uma professora em São Paulo me ajudou a refletir. Ela iniciou com essa pergunta: qual a finalidade de falar? Então, prosseguiu dizendo que as pessoas sem TEA sabem perfeitamente o objetivo da fala, pois aprenderam ao longo do seu desenvolvimento e assimilaram por imitação. Porém, o autista não encara o mundo a sua volta dessa maneira.
A partir desse diálogo, entendi que as pessoas com o transtorno encaram essa habilidade de forma abstrata. Então, o primeiro passo é fazê-lo entender o propósito e as possibilidades que a comunicação oferece.
Na realidade, todo autista quer se comunicar. Eles procuram isso frequentemente. Mas não sabem como. Por isso, é preciso tornar essa ação concreta para a criança e adolescente. Uma das formas é criar a necessidade.
Com o meu filho, o processo que se mostrou mais fácil foi justamente com aquilo que ele mais amava: comer. Eu precisava proporcionar condições favoráveis para a comunicação. Como agravante, ele ainda apresentava afasia congênita infantil, perda da fala. Porém, ao tornar o processo visual e concreto, ele foi adquirindo a linguagem e as primeiras palavras surgiram aos seis anos de idade.
Acompanhei outros casos, além do meu filho. Por exemplo, ao atuar como mediadora e orientadora familiar e escolar, acompanhei o tratamento de uma criança de três anos. Ela não verbalizava. Não dizia uma só palavra.
Foram iniciadas as terapias com cartões/cartas mostrando ações do cotidiano dela, com o intuito de assimilar som e imagens de objetos. Ao término de três meses, estava iniciando a verbalização já dizendo claramente mamãe, papai, quer água, tchau tia, entre outras expressões. Três anos depois, já iniciava conversas, dizia sua opinião e formulava sentenças sem o auxílio dos cartões.
Esses exemplos destacam que todo processo de aprendizagem do autista, seja qual for o grau, sempre será visual, pontual, mas com suporte, dentro da real necessidade daquela criança e de forma concreta. Mas para tudo funcionar é fundamental explicar os propósitos e benefícios de cada atividade.
Portanto, tenhamos o cuidado ao atuar com nossos autistas. Precisamos ser transparentes com eles para podermos captar suas reais necessidades e assim favorecer a um bom desenvolvimento, que é tão único e frágil.
(*) Escritora, pesquisadora, palestrante, mediadora escolar e familiar, além de ser Presidente e fundadora da Associação de Apoio à Pessoa Autista (AAPA)
Tiberius Drumond Assessoria de Imprensa
Em todos os lugares haverá uma criança autista, uma mãe desnorteada, uma sociedade preconceituosa e uma escola com profissionais despreparados para o recebimento destas crianças,quando chegará o apoio, antes que o caso se complique em nossos/as (filhos,netos,sobrinhos) porque esse é um problema que não se escolhe, acolhe-se, e a ajuda é remota, lenta!
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