quarta-feira, junho 29, 2016

Operação da PF investiga prefeituras de Alagoas por desvio de R$ 12 milhões de merenda escolar

A fraude pode passar de R$ 40 milhões e envolver mais de 20 prefeituras do Sertão e do Agreste de Alagoas.

Cinco prefeituras de Alagoas estão sendo investigas por desvio de, no mínimo, R$ 12 milhões de merenda escolar. A Polícia Federal, em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), realizou ontem a Operação Brotherhood e cumpriu 20 mandados de busca e apreensão nas prefeituras de Traipu, Tanque d’Arca, Ibateguara, Roteiro e Girau de Ponciano, além de 15 mandados de condução coercitiva de empresários e funcionários públicos. A fraude pode passar de R$ 40 milhões e envolver mais de 20 prefeituras do Sertão e do Agreste de Alagoas.

A Operação Brothehood foi a primeira atividade da recém-criada Delegacia de Combate à Corrupção da PF de Alagoas, envolveu 107 policiais federais e aconteceu em nove municípios: cinco onde foram constatadas a ocorrência de desvio de dinheiro da merenda escolar e em Maceió, Arapiraca, Penedo e Cajueiro. As pessoas levadas à Superintendência da PF coercitivamente foram indiciadas pelos crimes de falsidade ideológica, fraude em licitação, formação de quadrilha entre outros.

Os nomes dos empresários e funcionários públicos indiciados foram mantidos em sigilo para a imprensa porque a PF e a CGU acreditam que alguns envolvidos podem ter praticado fraudes nas licitações de outros 20 municípios. Por enquanto, as investigações se resumem a processos licitatórios dos últimos três anos. As investigações envolvem nove processos, e o valor da fraude, depois de análises da documentação apreendida, pode ultrapassar R$ 40 milhões.

As investigações começaram em meados do ano passado e foram mantidas em sigilo. Nem os delegados antigos da PF, como o ex-superintendente Bergson Toledo, sabiam. “Não sei de nada. Só vi os colegas e soube da operação hoje [ontem], quando cheguei para trabalhar, porque algumas pessoas foram ouvidas na minha sala”, disse o delegado Bergson ao ser cercado por jornalistas.

Empresas e restaurantes famosos de Maceió, antes das seis horas da manha de ontem, receberam a visita da PF, que, com ordem da Justiça Federal, levou documentos, computadores e empresários para prestarem esclarecimentos sobre o envolvimento deles na suposta organização criminosa responsável pelas fraudes em licitações, principalmente naquelas destinadas à aquisição de alimentos da merenda escolar. Durante toda a manhã, a movimentação foi intensa de advogados na sede da PF. A maioria não queria falar e alegava que seus clientes eram inocentes.

O chefe da CGU no Estado, José William Gomes da Silva, confirmou que a parceria da Controladoria com a PF se deu na análise dos documentos licitatórios a partir de denúncias surgidas no município de Traipu.

Na análise dos documentos, os auditores da CGU identificaram diversas irregularidades como conluio entre empresas para fixação de preços, superfaturamento, jogo de planilhas, empresas-fantasmas participando de licitações, sócios ocultos de empresas, ou seja laranjas, que participavam dos processos de licitação para dar um tom de legalidade nos certames, e falhas nos recebimentos dos gêneros da merenda escolar fornecida pelas empresas investigadas para outras quatro prefeituras.

Gazeta de Alagoas

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