sexta-feira, junho 17, 2016

MMA e Nações Unidas premiam iniciativas de enfrentamento à desertificação

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

No Dia Mundial de Combate à Desertificação, 23 iniciativas de enfrentamento aos danos socioambientais causados pelo processo de desertificação no país foram premiadas hoje (17), em Brasília. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O Prêmio Internacional Dryland Champions é promovido pela Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), e homenageia iniciativas que contribuem para o manejo sustentável de terras, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das populações e amenizar as condições dos ecossistemas afetados pela desertificação e a seca.

Um dos premiados foi o projeto Cultura Sustentável no Jequitinhonha, que ajuda a promover os aspectos ambientais, culturais e econômicos da região, por meio do artesanato sustentável, gerando trabalho e renda para grupos de artesãs locais. “O projeto aconteceu ao longo de um ano, com capacitações [voltadas] para questões institucionais, de como se dá o funcionamento da associação, como se dá o aprimoramento do produto, da embalagem e o processo de inserção produtiva de seu trabalho na cadeia do mercado”, explicou uma das coordenadoras do projeto, Patrícia Reis.

Segundo Patrícia, a iniciativa permite a geração de renda e reforça a cultura de pertencimento das mulheres da região. “A proposta do projeto é essa: que elas se qualifiquem, elaborem seus produtos e consigam se inserir no mercado, gerando renda para suas famílias”, ressaltou.

Desertificação

Cerca de 16% do território brasileiro é atingido por áreas suscetíveis à desertificação, o que corresponde a 140 milhões de hectares. O perímetro envolve todo o Nordeste, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a região tem aproximadamente 32 milhões de habitantes, o equivalente a 85% dos cidadãos considerados pobres no país.

No Brasil, o processo de desertificação é provocado por diversos fatores, como o uso indiscriminado dos recursos florestais nas regiões semiáridas e subúmidas secas sem critérios de manejo sustentável para formação de pasto. Além disso, a falta de manejo adequado para a pecuária extensiva, a mineração indiscriminada e a própria interferência humana direta contribuem para o agravamento do processo, que também é afetado por desastres naturais.

Para monitorar essas áreas, está em uso há seis meses o Sistema de Alerta Precoce e Desertificação (SAP). A tecnologia é resultado de parceria entre o MMA, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Os três organismos desenvolveram estudos de geoprocessamento, que incluem levantamento, análise e consolidação das informações sobre desertificação, degradação da terra e aridez.

“Combinamos informações socioeconômicas, físicas. que incluem tipo de solo, geologia, relevo, topografia, e com isso associamos as informações e elaboramos um índice para dizer quais são as áreas mais suscetíveis ao processo de desertificação no país”, disse Javier Tomasella, pesquisador do Inpe.

Recuperação de áreas degradadas

Segundo a publicação Degradação Neutra da Terra: O que Significa para o Brasil, lançada hoje pelo Centro de Gestão de Estudos Estratégicos, o país tem capacidade de reverter áreas degradadas. “O Brasil dispõe de conhecimentos e tecnologias sobre aproveitamento de terras degradadas que podem ser aplicados, tanto para a produção agrícola e pecuária quanto para a restauração de ecossistemas. Esses conhecimentos e essas tecnologias estão disponíveis em instituições de pesquisa e desenvolvimento, como a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] e universidades, e já são utilizados em larga escala”, diz a publicação.

De acordo com a obra, plataformas de práticas sustentáveis, como sistemas de produção Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e Integração Lavoura-Pecuária Floresta estão recuperando e incorporando pastagens degradadas em um processo de intensificação sustentável da produção.

Para os especialistas que participaram da elaboração da obra, o Brasil pode cumprir a meta de “mundo neutro” em termos de degradação do solo antes do ano 2030, data estabelecida pela ONU nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

“O país apresenta uma quantidade significativa de áreas degradadas que, se forem recuperadas e incorporadas ao sistema produtivo, dispensam o desbravamento de novas terras para dar suporte ao aumento da produção agrícola e pecuária”, aponta a publicação.

Agência Brasil

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