Os reservatórios sofrem com os fantasmas da crise hídrica desde 2013, quando se iniciou o processo de restrição das vazões mínimas (Foto: Ascom CBHSF)
Entre as proposições apresentadas está a prática de um hidrograma ambiental para a gestão dessas represas. Ou seja, será necessária reservar uma parcela da água para o meio-ambiente, como se fosse um usuário.”Se quisermos levar em consideração o meio ambiente, nós temos que primeiro identificar o que é o ecossistema, quais são as suas demandas e necessidades. No momento em que estamos discutindo alocação da água, é preciso analisar também alocação para esse ente invisível”, avalia Yvonildes Medeiros, hidróloga e professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Outra demanda sugerida foi o estabelecimento de mecanismo que quantifique as vazões no rio São Francisco, publicitando regulamente a quantidade de água que é retirada da bacia, um dado até então desconhecido pela grande maioria dos especialistas. Estudos indicam que as licenças para outorgas de reserva de água são superiores ao que de fato é consumido na bacia.
“Nós temos hoje no São Francisco um universo de outorgas da ordem de 12 mil e poucas concessões, tanto federais quanto estaduais, para uma demanda de 700 m3/s. É completamente irreal. Quem conhece o rio São Francisco não aceita que essa prática passe dos 215 m3/s. Nossa estrutura de outorga ainda está subestimando pelo menos o dobro do que está sendo retirado”, indica o engenheiro Pedro Molinas, responsável por apresentar as demandas do Comitê.
O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, lembra que é preciso estabelecer, em época de escassez, regras que criem a harmonia entre os variados usos múltiplos, sem as quais as atuais metodologias continuarão obsoletas. “Há muito tempo insistimos que, paralelamente a agenda da crise, que perdura, nós construíssemos uma outra agenda a médio e longo prazo no sentido de encontrar um consenso de como realizar a operação destes reservatórios. Em situação de risco, o risco tem que ser compartilhado entre todos os usuários”, afirma Miranda.
Os reservatórios sofrem com os fantasmas da crise hídrica desde 2013, quando se iniciou o processo de restrição das vazões mínimas, resultando na diminuição da água que é liberada para o abastecimento de populações ribeirinhas e setores econômicos existentes ao longo da bacia.
As sugestões do Comitê de Bacia deverão ser incorporadas à resolução que norteará as futuras regras de operação dos reservatórios. A ideia é que até o final do ano esse documento esteja regulamentado pela ANA. Além do CBHSF e da agência reguladora, participam também do grupo técnico representantes dos estados que integram o território são franciscano, como Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Estiveram presentes também ao encontro o vice-presidente do CBHSF, Wagner Soares, o consultor da entidade, Rodolpho Ramina, além da professora Andréa Fontes, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e Alberto Simon, diretor técnico da AGB Peixe Vivo, agência delegatária do Comitê.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF
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