Em entrevista à Agência Brasil, o oftalmologista Maurício Maia, professor do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), disse que quanto maior o quadro de microcefalia, maior a probabilidade de a criança desenvolver um problema no fundo do olho. “Quanto mais precoce é a infecção [pelo vírus Zika] da mãe, no primeiro trimestre principalmente, e quanto mais microcefálico é o bebê, ou seja, menor é a cabeça, maiores são as chances dessas crianças de ter o fundo do olho também com a doença”, disse Maia.
“É preocupante quando a mãe adquire a infecção em qualquer nível da gestação, mas é muito mais preocupante quando ela ocorre no primeiro trimestre”, ressaltou.
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O estudo, segundo Maia, mostra a necessidade de que os bebês de mães que contraíram o vírus Zika durante a gravidez sejam acompanhados por um oftalmologista precocemente. “Se a mãe, durante a gravidez, tem sinais ou sintomas de vermelhidão na pele, dores articulares ou febre que dura cinco dias, ela pode ter sido infectada pelo Zika, principalmente se ela estiver em áreas endêmicas. As crianças que são nascidas de mães que tiveram sintomas compatíveis com o vírus precisam passar por uma avaliação oftalmológica porque essas lesões no fundo do olho, se forem estimuladas precocemente, podem desenvolver áreas na visão que, se estimuladas, elas [crianças] poderão enxergar alguma coisa”, disse Maia.
Caso não sejam estimuladas, essas crianças poderão ter a visão muito mais comprometida, podendo até ficar cegas no futuro. “Se não forem estimuladas precocemente, nos primeiros meses de nascimento, elas vão desenvolver uma visão pior que pode levar à cegueira, em alguns casos”.
O recado do médico às mães que tiveram Zika é para que procurem o quanto antes um oftalmologista para o diagnóstico da doença e o início imediato do tratamento, caso as lesões sejam confirmadas. “As crianças precisam ser estimuladas precocemente para ter uma vida a mais normal possível”, alertou.
A próxima etapa da pesquisa pretende investigar também a possibilidade de que crianças com mães que tiveram Zika na gravidez desenvolvam problemas oculares, independentemente da microcefalia. “Achamos que isso é possível em alguns pacientes que estamos observando”, disse o oftalmologista.
Agência Brasil
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