Faturamento hidráulico intensificou incidência de tremores nos EUA. Centro Geológico dos Estados Unidos mapeou terremotos induzidos.
Nos Estados Unidos, a agência do governo que monitora os terremotos concluiu um estudo sobre os tremores causados pela ação humana
Terremotos estão entre os fenômenos mais devastadores da Terra. Matam milhares de pessoas por ano.
A maioria dos tremores acontece quando as placas que formam a crosta terrestre se movem e sacodem a superfície. Mas será que a ação humana poderia provocar um fenômeno tão poderoso?
Um relatório do Centro Geológico dos Estados Unidos diz que sim, e já fez até um mapa das áreas de risco. São os chamados terremotos induzidos, provocados principalmente pela técnica de fraturamento hidráulico, usada para retirar gás e petróleo de xisto.
É um sistema simples, que pode ser prejudicial ao meio ambiente, e que ainda não é usado no Brasil.
No fraturamento hidráulico - mais conhecido como fracking - bombas injetam uma mistura de água, areia e produtos químicos sob alta pressão no subsolo até quebrar a rocha que guarda o gás e o petróleo. Parte dessa água volta à superfície, e precisa sem reinjetada no solo. É esse processo que tem causado tremores.
O geólogo Mark Peterson liderou o relatório do governo americano sobre os terremotos. Ele explica que injetar água sob pressão no subsolo só causa tremores se a aplicação for feita perto de falhas geológicas já existentes. O fracking pode causar terremotos em determinadas regiões, mas não em todas.
Bem no centro dos Estados Unidos - onde há falhas geológicas - o mapa do fracking coincide com o das áreas mais atingidas por terremotos induzidos.
Entre 1973 e 2008 - um período de 35 anos - a região registrou apenas 24 tremores acima de três graus. Depois disso, o fracking se intensificou. Os sismos, também.
Em apenas seis anos - de 2009 a 2015 - foram 318, em média. E 2015 foi de longe o ano em que a Terra mais chacoalhou de forma induzida: mais de mil vezes num período de 12 meses.
Mesmo assim, a fratura hidráulica parece um caminho sem volta. Mais da metade do petróleo produzido nos Estados Unidos vem do fracking: 4,3 milhões de barris por dia, retirados de 300 mil poços.
A exploração usando essa técnica ajudou a derrubar o preço do barril no mundo inteiro, e reduziu a dependência americana do petróleo do Oriente Médio.
Mas o sistema que fez tremer o mercado internacional pode acabar saindo caro para quem vive perto das reservas de xisto.
Jornal Nacional/G1 Globo
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