quinta-feira, maio 12, 2016

Imprensa estrangeira 'alerta' mundo sobre impeachment no Brasil


A abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, aprovado pelo Senado Federal nesta quinta-feira (12), é um dos assuntos mais repercutidos na imprensa mundial. O afastamento da petista recebeu 55 votos a favor e 22 contra, após uma longa noite de deliberações em Brasília.

Na Europa, os veículos midiáticos informaram o afastamento de Dilma com alertas de "urgente" distribuídos a seus leitores. Para o jornal francês Le Monde, o Brasil deu salto "no desconhecido" com a abertura do processo. Para o diário parisiense, "uma atmosfera de melancolia" reinava no plenário.

Em Londres, o jornal The Guardian acompanhou em tempo real a decisão no Senado. Sobre a defesa de Dilma Rousseff, publicou a frase do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que advertiu em seu discurso que o Brasil se tornaria "a maior república de bananas do planeta" caso o impeachment fosse aceito.

O espanhol El País, de Madri, classificou a sessão plenária como "histórica e extenuante", e lembrou que por "uma maioria simples de senadores brasileiros (55 de 81)" o Senado "deu luz verde ao processo de destituição". "A dirigente do Partido dos Trabalhadores sairá hoje mesmo pela porta principal do Palácio do Planalto, sede presidencial, em um gesto explícito que quer dizer que acata, mas não aprova a decisão", interpreta o jornal

Em Roma o jornal La Repubblica destacou a admissão do processo de impeachment de Dilma Rousseff, afirmou que o Brasil, "em caso de destituição", não vai para eleições antecipadas", e que Michel Temer "completará o mandato presidencial até 1º de janeiro de 2019".

O diário lembrou logo a seguir o suposto envolvimento do senador Aécio Neves, do PSDB, em escândalos de corrupção. "A situação é complicada também para o líder da oposição, Aécio Neves: o Supremo Tribunal Federal autorizou a investigação por corrupção contra o líder do PSDB, partido de centro-direita e um dos principais apoiadores do impeachment", afirma.


AMÉRICA LATINA - A imprensa latinoamericana também deu amplo destaque para a decisão do Senado de abrir processo de impeachment, colocando o assunto na manchete de seus sites. As reportagens descrevem como foi a "maratona" da votação, que se estendeu por mais de 20 horas, e apontam os próximos passos do processo. Também informam que há a expectativa de que Dilma faça um pronunciamento por volta das 10 horas.

O argentino Clarín ressalta que Dilma foi acusada de ter descumprido normas fiscais na administração do orçamento federal, mas que o processo de impedimento se transformou "em uma espécie de referendo para sua Presidência", já que o Brasil enfrenta uma profunda crise econômica e passa por uma ampla investigação de corrupção na Petrobras.

Outro argentino, o La Nación, observou que o resultado da votação não foi uma surpresa para o PT, "já que a sorte da mandatária parecia estar dada", uma vez que as pesquisas feitas nas últimas semanas indicavam a aprovação da abertura do processo de impeachment.

O chileno Diário Financiero traz em sua capa uma foto de Dilma de costas, com as mãos sobre a cabeça, sinalizando desconforto. O jornal classifica o resultado da votação no Senado como "uma dura derrota política da mandatária".

O colombiano El Espectador destaca que a possível destituição de Dilma colocaria fim não só ao mandato da "ex-guerrilheira esquerdista de 68 anos, que em 2011 assumiu como a primeira presente mulher do Brasil, mas marcaria o fim de mais de 13 anos de governo do esquerdista Partido dos Trabalhadores".

O uruguaio El Observador notou a hesitação do senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello, que também sofreu processo de impeachment, em definir seu voto. Também mereceu espaço a informação de que os pertences de Dilma foram retirados na tarde de quarta-feira, 11, do Palácio do Planalto e direcionados à residência oficial, o Alvorada, onde ela deve aguardar o resultado de seu julgamento.

O venezuelano Telesur classificou o resultado da votação no Senado como um "golpe à democracia" e um "feito sem precedentes", já que a "mandatária é acusada sem provas". O site destaca uma foto de manifestantes segurando uma faixa onde se lê "golpe", com o logo da Rede Globo.

CHINA E JAPÃO - A agência de notícias estatal chinesa Xinhua destaca que, com a decisão do Senado, a presidente será afastada do cargo e deverá ser julgada em até 180, sendo necessária maioria de dois terços para que ela seja removida do cargo. "Analistas dizem que pode não ser difícil para a oposição conseguir os dois terços", afirma a agência.

A rede de televisão japonesa NHK colocou no ar e divulgou em seu site a notícia de suspensão de Dilma, após a aprovação no Senado do processo de impedimento, diante das acusações de envolvimento na "manipulação das contas do governo".

Estadão Conteúdo

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