quinta-feira, maio 12, 2016

Governo Temer não tem mulheres ocupando ministérios

Pela primeira vez desde o período da ditadura militar, somente homens compõem a equipe presidencial.

O ministério empossado nesta quinta-feira pelo presidente interino Michel Temer reverteu a tendência das últimas décadas de um número cada vez maior de mulheres no primeiro escalão. É a primeira vez, desde o período de Ernesto Geisel (1974-1979), ainda na ditadura, em que somente homens formam o gabinete de um presidente.

A presença feminina vinha aumentando na Esplanada dos Ministérios desde 1982, quando Esther de Figueiredo Ferraz foi escalada para a pasta de Educação e Cultura por João Figueiredo (1979-1985). Devido à quebra desta tradição, feministas e especialistas em estudos de gênero se queixam de falta de diversidade na linha de frente da nova gestão.

A diferença no perfil dos dois governos ficou evidente nas cerimônias que marcaram a despedida de Dilma Rousseff no Palácio do Planalto e a nomeação dos ministros da administração peemedebista. A presidente afastada fez seu pronunciamento rodeada de mulheres e fez questão de destacar:

— Tenho orgulho de ser a primeira mulher eleita presidenta do Brasil.


Ao longo de seu governo, 15 mulheres receberam status de ministra. Já no pronunciamento inaugural de Temer, ele apareceu rodeado apenas por homens nas fileiras mais próximas. Nas articulações para substituir o gabinete da presidente petista, o PMDB cogitou uma representante do sexo feminino para ocupar um cargo — a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, mas ela recusou a oferta. Assim, o grupo que ingressou no Planalto ficou restrito a homens.

— Poderiam ter pensado: vamos ter representatividade de mulher, negro, homossexual. Não disfarçaram. É um ministério de homens brancos e ricos — analisa a integrante do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero da UFRGS Jane Felipe.

A feminista Manoela Miklos, doutora em Relações Internacionais, lamentou as possíveis consequências do perfil do primeiro escalão desenhado até agora.

— A ausência de diversidade desse grupo de ministros denota que eles lidam com muita naturalidade com a desigualdade de gênero. Que tipo de políticas públicas de enfrentamento das desigualdades de gênero, de raça ou econômica podemos esperar de um grupo assim?

A ex-secretária especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, aumentou a voltagem das críticas: declarou que a montagem da nova equipe é um "golpe machista, patriarcal, misógino". Pessoas próximas a Michel Temer sustentam que o presidente interino ainda tem a intenção de nomear mulheres para a sua equipe.

Por: Zero Hora

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