Caracterizado por compressões abdominais, o procedimento foi desenvolvido, há 42 anos, pelo médico estadunidense Henry Heimlich. Estima-se que, no início da década de 1970, cerca de 4 mil pessoas morriam, por ano, vítimas de asfixia causada por alimentos e pequenos objetos nos Estados Unidos. Pelas contas do médico, mais de 100 mil pessoas foram salvas pela manobra.
Após aproximadamente 15 segundos sem conseguir respirar, o engenheiro Marcelo Pinheiro foi resgatado graças à realização do procedimento por um colega de trabalho. “Fiquei engasgado ao rir enquanto comia. Por sorte, a empresa onde trabalho realiza treinamento de primeiros socorros. Assim, todo mundo estava apto a realizar a Manobra de Heimlich”, conta. Ao tomar conhecimento da lei, Pinheiro a avaliou como “importantíssima”. “É muito válida uma legislação que dissemine esse conhecimento, capaz de salvar vidas”, ressaltou.
Tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Edson Marconni Almeida já executou a manobra várias vezes, sendo, inclusive, criador de um aplicativo de primeiros socorros que a corporação disponibiliza à sociedade. “No caso de engasgo, quem presta o socorro deve se posicionar por trás da vítima, como se a estivesse abraçando, e comprimir a região abdominal para cima. Isso fará com que o volume do tórax seja diminuído e o ar dos pulmões impulsionado para cima, fazendo pressão para expulsar o objeto”, explica. Ele também chama atenção para o cuidado com os brinquedos das crianças: “Os casos de engasgo não ocorrem apenas durante a alimentação. É preciso ficar atento na hora de comprar brinquedos, respeitando sempre o indicativo de idade do Inmetro”.
Quanto mais rápido a manobra for aplicada, maior a chance de resolver o engasgo sem danos. “A depender da situação, o indivíduo engasgado poderá sobreviver por um período de 30 segundos a quatro minutos. As sequelas também podem ir de lesões neurológicas, motoras e neurosensoriais, ou até mesmo resultar em morte, infelizmente”, ressalta o médico Eduardo Figueiredo, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco.
O deputado Beto Accioly (PSL) ressalta a importância da divulgação do procedimento. “Como se trata de uma técnica de emergência simples, qualquer pessoa consegue executar a Manobra de Heimlich, desde que orientada. Ao tornar obrigatória a disseminação dessa informação nos estabelecimentos de consumo de alimentos, nosso objetivo é contribuir para o salvamento de vidas”. Em vigor desde o dia 3 de março deste ano, a norma determina que os cartazes, em tamanho A3 (420×297 mm), devem ser afixados em local de fácil visualização e em número compatível com as dimensões do estabelecimento.
Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Pernambuco (Abrasel-PE), André Araújo relatou que, em conversa com alguns membros da entidade, observou uma recepção positiva da legislação. Por outro lado, o grupo lamentou o fato de não ter sido ouvido no processo de elaboração da regra. “Gostaríamos de ter contribuído com a iniciativa, num processo construtivo para enriquecer a legislação”, comentou.
Alepe
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