Camarão de água salgada é cultivado no Sertão (Foto: IPA/Divulgação)
Na quinta-feira (05/05/2016), foi realizada a segunda despesca de camarões marinhos, Litopenaeus vannamei, e de tilápias, Oreochromis niloticus, produzidos por agricultores familiares do Sertão Pernambucano. A atividade foi realizada na Unidade Demonstrativa do Programa Água Doce do Ministério do Meio Ambiente, localizada na Agrovila 8, no município de Ibimirim, com assistência técnica do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), em parceria com o DNOCS, Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos e Prefeitura de Ibimirim.
Duas famílias realizaram a despesca, abatendo 24 quilos de camarões de 13,7 g, que representaram 30% do total povoado, sendo o restante, juntamente com as tilápia, transferidos para uma segunda etapa de engorda em outro tanque, previamente abastecido e fertilizado. A venda local, de pouco mais da metade dos crustáceos, foi suficiente para cobrir os custos de produção do camarão.
A unidade demonstrativa é um sistema integrado que funciona em três etapas. Na primeira, a água é dessalinizada pelo equipamento, através da osmose inversa. Em seguida, o efluente da dessalinização, que não pode ser jogado diretamente no solo, devido ao seu potencial degradante, é colocado em tanques para o cultivo de tilápia. Por fim, a água proveniente da criação dos peixes é utilizada para irrigação da erva-sal, que é um alimento de alto teor proteico para caprinos e ovinos.
O IPA é um dos pioneiros da carcinicultura brasileira e, desde 1980, vem realizando vários trabalhos de pesquisa e assistência técnica aos agricultores, em parceria com o Departamento de Pesca da UFRPE. Isso permitiu propor aos produtores a introdução do camarão marinho, para ser criado junto com a tilápia, conforme metodologia já utilizada, com o camarão de água doce, em projetos anteriores na Zona da Mata Pernambucana.
Esse sistema chama-se policultivo e agrega muitos benefícios ambientais, sociais e econômicos, quando comparado ao sistema tradicional, pois os camarões consomem as sobras de ração dos peixes e o excesso de matéria orgânica no ambiente, melhorando a qualidade da água e diminuindo a necessidade renovação. Além disso, é um produto de alto valor comercial, que pode incrementar mais de 70% no lucro obtido pelo produtor, conforme resultado do primeiro ciclo de cultivo em 2013.
Esse segundo ciclo de cultivo é a continuação de uma proposta de trabalho pioneira no IPA, junto aos agricultores familiares do Sertão, que teve início em 2012 com estudos e planejamento para introdução da espécie marinha consorciada com a tilápia, cultiva em águas de efluente do dessalinizador. “A ideia é desenvolver a carcinocultura no interior do Estado, demonstrando seu grande potencial econômico, social e ambiental, através da geração de emprego e renda, otimizando o uso responsável de poços de água salobra e até mesmo, aproveitando áreas desertificadas pelo desgaste natural ou antrópico do solo, que são impróprias para agricultura”, ressalta o engenheiro de pesca do IPA, Gilvan Lira.
Fonte: Núcleo de Comunicação do IPA
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