quarta-feira, maio 11, 2016

A concentração de poder do PMDB

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A já virtual posse de Michel Temer após o afastamento de Dilma Rousseff vai dar ao PMDB uma concentração de poder que nunca se viu antes e que nem mesmo o próprio PMDB pôde ter quando, em 1986, elegeu 22 dos 23 governadores estaduais.

Naquela época, José Sarney era o presidente da República, mas, com a morte de Tancredo Neves, assumiu e era recém-filiado ao partido, apenas para cumprir a legislação da época, em que o mesmo partido deveria ter o presidente e o vice.

Agora, o partido que de lá para cá sempre foi aliado dos governos que se sucederam, mas nunca protagonista do poder, terá a Presidência da República, as presidências da Câmara e do Senado (numa substituição de Eduardo Cunha, o cargo caberia ao mesmo partido), todos os ministros com gabinete no Palácio do Planalto, o comando da política econômica – ainda que Henrique Meirelles não mais seja um peemedebista – e a coordenação política do futuro governo.

Além da concentração de poder no PMDB, na equipe de Temer, até aqui, não há mulheres no primeiro escalão.

Durante todo o governo de Dilma, para o qual o PMDB indicou Temer como vice, a principal queixa do partido era a de não participar da formulação de política econômica.

Agora, Temer escolheu Henrique Meirelles para o cargo de ministro da Fazenda, com autonomia para para indicar todos os cargos de política econômica, como Banco Central e alguns outros cargos, mas tendo sempre Romero Jucá no Planejamento compartilhando das decisões e do encaminhamento das medidas ao Legislativo.

Assim como o PT evitou ter no Palácio do Planalto ministros de outros partidos, com algumas exceções – como Aldo Rebelo ou Walfrido Mares Guia e José Múcio Monteiro na articulação política – agora, com Temer, a articulação deve ficar com o PMDB. O escolhido para a tarefa é Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).

Outra área sempre cobiçada pelo PMDB era a de infra-estrutura. Agora, Moreira Franco vai ficar com a condução do programa de concessões e o partido ainda deve indicar o ministro dos Transportes, área que, ao lado de Minas e Energia, sempre foi disputada pelo partido.

Além dos partidos que até bem pouco foram aliados de Dilma, Temer terá no ministério representantes de partidos que estavam na oposição, e mais à esquerda: PPS, PSDB e PSB.

Cada partido deverá ter um ministro, com exceção do PSDB, que terá dois. Um deles, José Serra, pode ir para o Itamaraty ou Ministério de Desenvolvimento Econômico, responsável pela área de exportação – uma escolha muito mais pelo nome do senador paulista do que pela representação partidária.

Cristiana Lôbo em G1

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