segunda-feira, abril 18, 2016

Votação do impeachment escancarou nível da Câmara dos Deputados

Bolsonaro, que justificou seu voto como homenagem ao golpe militar de 1964, aos agentes da ditadura e à tortura de Dilma Rousseff, recebeu cusparada do colega Jean Willys (Foto: Grabriela Korossy/Câmara dos Deputados)

Por Franco Benites

De tudo o que se pode falar sobre a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados nesse domingo (17), destaque para a postura dos parlamentares na hora do voto. Raro foi encontrar quem agisse de maneira objetiva ao se pronunciar. A imensa maioria dos deputados falou de Deus e da família, inclusive citando nomes de parentes.

Os eleitores foram lembrados, mas quase sempre com o velho e genérico rótulo de “povo”, como se de fato o povo, sendo contrário ou a favor da saída de Dilma, estivesse representado na votação.

No final das contas, uma verdade que permanece escondida sob outras camadas apareceu: o Brasil não conta, na atual legislatura, com nomes à altura do seu tamanho. Somos um País grandioso, mas com uma classe política apequenada, que ainda precisa amadurecer.

Houve de tudo na votação do impeachment. O deputado federal Eduardo da Fonte (PP), pernambucano, mostrou não conhecer o rito do processo. Por despreparo ou afobação, quis colocar o filho para dizer o SIM ou NÃO. Foi desautorizado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Eduardo da Fonte inicialmente era contra o impeachment, passou para o grupo dos indecisos e depois decidiu apoiar a saída de Dilma.

Ao dar o SIM pela saída Dilma, Ronaldo Fonseca (PROS-DF) afirmou: ‘Pela paz de Jerusalém, voto no impeachment de Dilma”.

Jair Bolsonaro (PSC-RJ) também chamou a atenção com seu pronunciamento:

“Perderam em 64, perderam agora em 2016. Pela família, pela inocência das crianças em sala de aula, que o PT nunca teve, contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim”, falou.

Como se sabe, a presidente foi presa e torturada na Ditadura. E o coronel Ustra foi chefe do DOI-Codi. Por mais que se discorde das palavras de Bolsonaro, não dá para aplaudir o deputado Jean Wyllys (PSOL-BA). O baiano, que tem mandato parlamentar pelo Rio de Janeiro, cuspiu no rosto do colega de parlamento.

A partir desta segunda, o Brasil entra em um momento político diferente. Mas a Câmara dos Deputados continuará sendo a mesma desse domingo.

Franco Benites/Coluna Pinga Fogo/JC Online

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