sexta-feira, abril 01, 2016

Por que os ricos gastam menos em papel higiênico? Entenda aqui


“Formato familiar: Leve 36 rolos de papel higiênico pelo preço de 30. Só esta semana”. Procurar a oferta parece a forma mais óbvia de economizar dinheiro, mas, frequentemente, esse modo de comprar está fora do alcance daqueles com menor poder aquisitivo. Um estudo universitário norte-americano mostra que, na verdade, os menos ricos são os que mais gastam em produtos de consumo cotidiano. Ser rico é uma vantagem para muitas coisas, inclusive na hora de aproveitar os descontos do supermercado.

A reportagem foi publicada por El País, 31-03-2016.

“A frugalidade é difícil de pagar”, defendem Mike Palazzolo e Yesim Orhun, pesquisadores da Escola de Negócios Ross da Universidade de Michigan, em um estudo publicado em meados de março. Para extrair essas conclusões, analisaram o comportamento de consumo de 100.000 lares norte-americanos durante sete anos.

Depois de comparar diversas marcas, preços e formatos, concluíram que os menos enriquecidos pagam 6% a mais que os ricos por um produto cotidiano como o papel higiênico.

Adquirir os produtos tamanho família ou em enormes quantidades é um modo eficaz de pagar menos por unidade, mas o consumo em grandes quantidades é um luxo que não se podem permitir aqueles com escassos ganhos mensais. O mesmo ocorre com o momento de caçar a oferta: só aqueles com maiores recursos econômicos escolhem o momento de realizar um desembolso fora do normal.

A falta de liquidez, portanto, limita muito a capacidade de aproveitar os descontos, que sempre chegam com alguma condição. O padrão de consumo daqueles com menor renda se define no momento em que chega o pagamento: em geral, compra-se na primeira semana do mês, enquanto as ofertas aparecem no supermercado em qualquer outro momento. Além disso, quem vive com o dinheiro contado dedica um orçamento limitado a cada produto; se gastar uma quantidade exagerada em papel higiênico precisará tirar do seu orçamento para comida.

Embora no dia 15 do mês apareça um grande desconto, só os mais ricos são capazes de comprar dezenas de rolos de papel higiênico de uma só vez. Por isso mesmo, no futuro poderão adquirir uma nova oferta se assim o desejarem, enquanto as famílias que não puderam armazenar grandes quantidades de papel serão obrigadas a repô-lo quando se esgotar, sem poder escolher o melhor momento. Seu modo de economia se limita a comprar o mais barato, ainda que isso implique em adquirir menos unidades e de menor qualidade.

Os lares de baixa renda, ou seja, aqueles que recebem menos de 20.000 dólares por ano, compram em oferta em 28,3% das ocasiões, enquanto aqueles com renda superior a 100.000 dólares o fazem 38,9% das vezes. Os primeiros compram o produto mais barato em 35% das vezes, enquanto entre os mais ricos a cifra se reduz a 27,4%.

Os pesquisadores Orhun e Palazzolo explicam que escolheram o papel higiênico como centro de seu estudo por ser um produto em que se aplicam esse tipo de ofertas (pague dois, leve três por tempo limitado). Também influi o fato de ser acumulável e um objeto cujo padrão de consumo por pessoa é universal, sem ser afetado pelas diferenças de classes sociais.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos (IHU)

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